Cap.89

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A minha suposta irmã, entregou a bolsa para o seu namorado e amarrou os cabelos em coque frouxo. Olhando assim de perto, ela se parecia um pouco com a minha mãe, nossa, na verdade.

Queria entender bem o motivo dela nunca ter entrando em contato. Por dentro, sei que o Paulo nunca deixou. E isso me deixa mais puto. Porra, ele nunca vai deixar eu ser feliz? O seu fantasma vai sempre atrapalhar os meus momentos de felicidade?

— Bom, oque vocês estão fazendo aqui? - A minha suposta irmã perguntou.

Abrir a boca para responder, dizer que somos irmãos. Entretanto, minha voz saiu baixa e eu só conseguir dizer: err...

Sério, Manoel? Você passou a vida inteira pensando oque falaria quando reencontra-se a sua irmã, e quando finalmente a encontra, a sua boca só saí um "err"?

Quando ela viu que não teria resposta nossa. Abriu a porta e entrou dentro do quarto, indo falar com o Paulo. Respirei fundo, tentando me acalmar de alguma forma.

   A Flávia me olhou, ainda chocada.

O namorado decidiu entrar também. Sabia que iria acontecer alguma briga, ou, xingamentos. Por que, oras, quem suportar o Paulo por tanto tempo? Só aquela minha meia irmã que eu não sei o nome.

Passei a mão no cabelo. A Flávia me abraçou, me olhando carinhosamente. Abracei o seu corpo, deferido beijinhos na ponta do seu nariz.

  — Seria um momento ruim para eu contar a piada do anão? - Ela perguntou.

  — Um pouquinho.

— Você tá feliz? Por saber que ela é a sua irmã? - Perguntou a minha esposa. E por mais estranho possível, eu não sabia a resposta.

Eu passei tanto tempo imaginando a minha irmã com a única memória dela bebê que eu tinha na cabeça que acabei não pensando no mundo real. É estranho morarmos na mesma cidade e nunca termos nós encontrado.

— Acho que... eu não sei. Tudo aconteceu tão de repente. Você grávida... o acidente do Paulo, o possível reencontro com as minhas irmãs. Não tive tempo para raciocinar ainda.

  Ela concordou com a cabeça. Beijei o seu pescoço, enquanto respirava o seu cheiro. E por um momento naquele dia conturbado, fiquei calmo nos braços da minha mulher.

  Depois de um tempo, nos sentamos na cadeira. Só esperando o anúncio da morte do Paulo para podermos ir embora.

   Estava com fome e Flávia estava começando a ficar enjoada do hospital.

   A minha irmã saiu do quarto, sendo acompanhada do médico que estava cuidado do Paulo e do seu namorado.

   Não que sejamos fofoqueiros, mas, escutamos alguns gritos vindo do quarto. Eu e a Flávia se prendemos mais a parede, para poder escutar. Não conseguimos escutar nada e  ainda saímos como malucos para o pessoal do hospital.

   Os três andaram até nós.

  — Acho que o pai da senhorita não aguenta mais um dia. Se suportar quatro horas, é um milagre.

    A garota não teve reação alguma. Ela só concordou com a cabeça e se sentou ao meu lado.

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