Capítulo 2

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— E não é que achamos a magrela de novo! – Acordei sendo virada e presa pelos braços.

Me debati como o inferno, mas tudo que consegui foi reabrir meus arranhões nos braços e tomar um tapa forte no rosto.

— Não vai fugir de novo, sua idiotazinha. – Ouvi Jonas dizendo um pouco afastado, puxando minha mochila.

— O que tem nessa porcaria de bolsa? – O que me amarrava os pulsos à frente do corpo perguntou.

— Nada de extraordinário. Alguns trapos, um pote... deixe ver... sal. Um peixe, três pedras, três cocos amarrados e só. – Jonas fez o inventário para o companheiro.

— Vamos levar. – O que me amarrou decidiu.

— Concordo. O peixe está assado, os trapos ela pode trocar essa roupa suja e rasgada que está usando... Sim, vai ser útil. – Expressou Jonas.

Eu apenas olhava para eles analisando e procurando. Fazia uma lista mental de todos os itens que eles tinham presos a seus corpos e que eu poderia usar. Olhei para o céu notando o amanhecer avançado. Dormi demais, por isso me alcançaram, sem contar que eles estavam mais perto de contornar o lago ao sul do que eu ao norte.

— Não estamos longe do rio. Vamos de uma vez, não gosto de estar no território dos predadores.

— Calma, Lino! Quando foi que encontramos algum? Já traficamos mulheres há anos e nunca fomos pegos. Quem viria a um lugar desolado como este? – Jonas descartou o medo do amigo.

— Mas nunca viemos tanto para o leste... – Lino se interrompeu sentindo o caroço no meu braço, quando me levantou rudemente – O que é isso? – Ele me perguntou, levantando a manga rasgada da minha camisa e vendo meu bracelete.

— Está cego, Lino? – Jonas riu – É só um bracelete, seu idiota.

— Pode ter um rastreador. – Lino, descartou o humor do amigo, puxando meu bracelete do braço – Segure essa peste, vou ter que tirar a maldita corda para arrancar essa merda daí.

Jonas me segurou com força e não tive alternativa além de ver meu bracelete ser descartado e meus pulsos amarrados de novo. Ao final, Jonas jogou minha mochila nas próprias costas e Lino me empurrou para começar a andar, me segurando firme pelo braço esquerdo.

— Estamos voltando. – Lino apertou um dispositivo triangular que estava na lateral de sua cabeça e informou alguém.

Obedeci enquanto saíamos das ruínas.

Doía abandonar meu bracelete, mas era ele ou eu e na atual situação não dava para me preocupar com o presente de meu pai. O único, aliás. Se desse certo o que começava a planejar poderia voltar para buscá-lo.

Andamos por alguns minutos e eu sentia olhos me observando, não que fosse diferente desde que cheguei às ruínas, mas me sentia incomodada. Como antes, não demorei a perceber que ninguém viria em meu auxílio, então era comigo mesmo.

Suspirei, analisando o chão a minha frente e no momento certo me joguei para a frente, fingindo um tropeço.

— Está cansada, hein? – Lino riu me levantando de novo, mas sem perceber a pedra que agora eu tinha nas mãos.

Quando ele me colocou de pé, me virei para ele, dando um pulo e levantando os braços, os impulsionando lateralmente. Acertei o rosto dele fortemente com a pedra. Quando ele caiu me soltando, corri, mas Jonas estava muito perto para que conseguisse me livrar dele somente correndo, ainda mais amarrada.

Quando alcancei a primeira arvore franzina que estava em meu caminho, me segurei no tronco dela com as duas mãos e impulsionei as pernas. Dei uma volta completa na arvore e acertei Jonas por trás das pernas com meus pés. Me joguei em cima de suas costas na sequência e usei outra pedra no chão para acertar, com o máximo de força, sua nuca.

Valquíria MaresWhere stories live. Discover now