Capítulo 12

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Nos dois anos seguintes, Zack, Ryan, Dorian e Justin se tornaram meus amigos, já que agora me escoltavam constantemente do instituto à UMR e de volta. Zack era o mais engraçado, convencido e irônico deles. Acabei considerando-o um amigo mais próximo do que os demais, era o que mais falava comigo, me provocava, apanhava de mim... Enfim, adorava estar com ele.

O todo poderoso mal-humorado, me convocou várias vezes para ver Aria, para quem levei (de contrabando), sabonetes, cremes dentais, escovas de dentes, roupas de doação que pedi às pacientes, sapatilhas médicas do número dela e uma toalha que eu trocava a cada visita.

Na segunda visita, vi uma passagem e investiguei, descobrindo que era um banheiro tosco. Havia um buraco no chão para as necessidades fisiológicas e uma pequena queda d'água em uma parede próxima para ela usar de chuveiro.

Eu já estava cansada de tanto conversar com a garota. Ela permaneceu no mesmo lugar por dois anos inteiros!

— Como você aguenta ficar aqui sem fugir? – Me indignei na última visita.

— Não é tão ruim. Eles me trazem comida, o homem das sombras abre uma passagem para luz solar por quase uma hora inteira todos os dias e fez nascer aquelas pequenas árvores ali. – Ela apontou algumas árvores frutíferas, carregadas de frutas suculentas no canto sombrio da grande cela em que ela ficava sozinha – Ele também traz livros de vez em quando, então não fico ociosa o tempo todo.

— Mas está confinada na mesma caverna por dois anos! – Rebati – Eu já teria dado um jeito de fugir daqui há muito tempo.

— Você não tem problema em usar armas, Íria, eu tenho. – Ela se retraiu.

— Aria. – Exalei – Não percebe que é você que tem que sair daqui sozinha? Não pensou que quando se desenvolver fisicamente seus captores vão tentar abusar de você? Não sei se o homem das sombras pode...

— Não pode. – Ela me interrompeu – Ele já me disse as mesmas coisas – Ela chorou – Você e ele sempre me dizem as mesmas coisas! Os dois vivem me falando para fugir, para matar, para me defender. Ele me ataca com a espada de madeira e grita comigo para me defender, para aprender a lutar... Mas nenhum de vocês tem ideia do que sinto! Do que é paralisar de medo! Não conseguir reagir!

— Calma! – A abracei, suspirando – Tudo bem. Tudo bem. – Esfreguei a mão direita em suas costas acalmando-a – Vou ver o que posso fazer, tá legal?

— Vai convencê-lo a me ajudar? – Ela me olhou esperançosa.

— Não contaria com isso, no seu lugar. Ele me ouve ainda menos que você. – Fui sincera.

— Então o que vai fazer?

— Bem, ele nos chama de híbridas, no meu caso sei a razão. Descobri algumas coisas sobre nós e acho que posso ter uma ideia.

— Vai pedir que me ajudem?

— Pelo que entendi da sua situação até agora, não acredito que adiantaria. Não, Aria, vou apenas pedir para que não me atrapalhem, vou tirá-la daqui.

— Mas...

— Não se iluda, não sei se não vão me prender também e provavelmente não vai ser antes do nosso desenvolvimento físico. Mas estarei pronta até lá.

— E se me desenvolver antes de você?

— De acordo com o que estudei, só acontece depois do nosso aniversário de dezoito anos e o meu é antes do seu. Então é pouco provável, além de viver pelas regras de idade humana, então de qualquer forma serei considerada adulta, mesmo não tendo crescido. Não fará diferença para vir te buscar.

Valquíria MaresWhere stories live. Discover now