Capítulo 24

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Não esperei por Amanda, corri para o elevador, tropeçando no caminho. Enquanto descia, vi que cortei minha mão, mas ignorei. Verifiquei os vídeos de segurança e vi quando um veículo sem identificação abriu as portas e jogou a pobre criança para fora, acelerando para a tempestade que não permitia enxergar muito longe.

Passei as portas de vidro blindado e peguei a bebê, a acalentando e dizendo-lhe que estava tudo bem. Voltei pelas portas e tudo aconteceu muito rápido...

As luzes começaram a piscar vermelhas e a sala foi selada. Apenas fechei os olhos. A criança estava infectada com o vírus e eu acabara de pegá-la no colo colocando meu recém ferimento em contato com o sangue infectado dela, que vertia pelos arranhões de ter sido jogada de um carro em movimento.

Ao contrário do que poderia esperar, não entrei em pânico. Beijei a cabeça da menininha, me sentei no sofá da recepção com ela para esperar nossa remoção para a ala infecciosa, como chamávamos a área de isolamento.

Enquanto esperava, tirei suas roupinhas molhadas, para embrulhá-la na toalha que trouxera para este fim. Foi quando notei uma marca avermelhada no bracinho da criança. Acionei o foco e mudei de cor quando o scaner me deu o resultado.

A criança fora infectada propositadamente! Injetaram o vírus nela.

Eu não sabia o que sentia em maior grau. Ódio, nojo ou descrença. Mas olhei as roupas que a envolviam e havia algo ali... peguei as roupas e juntei as peças montando o quebra-cabeças macabro. Eram letras. Dispostas como um anagrama doentio e a mensagem era clara: Eu disse que você morreria.

— Halfass. – Trinquei os dentes.

— Íria, o que disse, meu bem? – Phil me chamava pelo foco, extremamente preocupado comigo.

— Nada Phil. Estou bem, não se preocupe. Aliás, onde está a merda do transporte lacrado?

— A caminho, estamos liberando a ala 1 prognóstica. Acabou de acontecer, pode não ter afetado você.

— Cai na real! Tive contato direto com o sangue dela. Não há meio de não ter contraído o vírus.

— Os scaners das próximas horas nos dirão isso com precisão, mas vamos colocar a criança com as mulheres infectadas e você vai para o isolamento 1, fedelha. – Polox entrou na conversa pelo foco dele.

— Não. Ela vem comigo. – Respondi.

— Mas pirralha... – Ele começou a protestar, mas o interrompi.

— É minha culpa que ela esteja infectada, Polox, não vou abandoná-la.

— Do que está falando? – Phil questionou surpreso.

— Disto. – Mostrei a mensagem para eles pelo foco.

— Mas que merda! – Polox praguejou.

— Isso é um ataque direto ao instituto! Todos estamos em perigo. – Phillip se desesperou.

— Íria! – Tânis agora me chamava pelo foco – O que está acontecendo?

Contei a ele e o ouvi quebrar alguma coisa que deveria estar por perto. Phil, Polox e Amanda não diziam mais nada, apenas ouviam nossa conversa.

— Por que pensa que seja esse tal de Halfass? – Ele perguntou, tentando manter a calma.

— Enviei muitas denúncias à coroa de tudo que ele e seus amigos faziam com mulheres, anexando diagnósticos autônomos e pessoais, imagens e procedimentos. Também denunciei fraudes contábeis e outros tantos crimes que descobri invadindo a rede administrativa da província. – Exalei – Mas no caso dele especificamente, ainda houve mais um incidente: depois de mandar sua terceira esposa para o instituto por "cair da escada", mandei uma petição ao conselho de engenharia e segurança da província (com cópia à coroa), solicitando uma inspeção de segurança na referida escada, pois encontrava-se claramente fora da especificação padrão provinciana, devido ao número alarmante de acidentes fatais que causara até o momento. Claro que recebi uma ameaça de morte por isso.

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora