Capítulo 10

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Acabei rindo também, mas ainda estava preocupada com os números. Até agora apenas quarenta mortos, ainda estava devendo trinta e cinco para o imortal mal-humorado. Suspirei e o homem-lama voltou a falar.

— Zack me contou sobre as meninas. – Ele disse – Outro problema enorme! Agora precisaremos levantar os antecedentes de todos os funcionários dos orfanatos reais e criar um protocolo de investigação constante, para evitar novos casos como esse. Não vou conseguir descansar enquanto não encontrar os facínoras que estão negociando as crianças dos orfanatos bem debaixo do meu nariz.

— Bem, mas isso terá que ter a assinatura e anuência do rei.

— Acredite, já tem.

— Se você diz... – Bocejei, contra vontade.

— Você não dormiu ainda, não é?

— Como poderia? As meninas só dormiram porque as sedei, levei quase até as cinco da manhã só para examiná-las, conversar com elas e acompanhar a saída de Zack com as garotas que tem família. Depois foi complicado fazer as oito que ficaram aqui concordarem em dormir. Só subi para o meu apartamento, quando te contatei. – Contei.

— Então durma.

— Falou o cara que está acordado a tanto tempo quanto eu.

— O cara – ele enfatizou – está neste momento deitado em uma cama, pronto para dormir assim que a pequena senhora exigente, estiver satisfeita com o relatório pedido.

— Chato. – Ri – Durma bem, homem-lama.

— Bons sonhos, Íria. – Ele desejou e desligou.

Acordei apenas na hora do almoço, com o estômago roncando alto. Só então me dei conta de que minha última refeição foi um rápido café da manhã no dia anterior, antes de sair rumo a Brice.

Me levantei, tomei um banho, escovando os dentes debaixo do chuveiro. Coloquei um uniforme limpo, calcei minhas sapatilhas de trabalho e desci para o refeitório dos médicos. Já estava quase entrando no refeitório, quando me lembrei das meninas, mas Amanda vinha pelo corredor e me vendo, adivinhou minha preocupação.

— Estão acordando apenas agora, não se preocupe. Já verifiquei cada uma delas e já solicitei o almoço para ser servido em seus quartos. Vamos comer, porque estou faminta, depois você faz o que precisar. – Ela determinou, me empurrando para o refeitório.

— Obrigada. – Agradeci, aceitando o empurrão e indo comer.

Nós duas estávamos famintas, mas pelo jeito não éramos as únicas. Polox estava tão concentrado no prato enorme de comida à sua frente que só nos viu quando nos sentamos com ele e Phil na mesa.

— Como está Arthur? – Não consegui deixar de perguntar.

— Agora está bem. – Polox contou – O passei por descontaminação química, depois mediquei os efeitos internos das toxinas e agora ele está dormindo com uma bolsa de soro presa às veias. Em mais algumas horas, estará liberado para alimentação oral e até amanhã já estará bem o bastante para ter alta.

— Ainda bem que ele não ficou muito tempo em exposição naquele lugar. – Amanda comentou.

— Verdade. A situação poderia ser bem pior se fosse o caso. – Polox concordou.

Passamos um tempo apenas comendo em silêncio até que nos sentimos satisfeitos, então foi a vez de Phil me perguntar sobre o ocorrido. Então contei aos três tudo que aconteceu desde que fomos atacados no caminho para Brice, embora tenha omitido meu encontro com o imortal mal-humorado, afinal dificilmente eles acreditariam de qualquer forma. Finalizei com o que o homem lama me contou pelo foco de manhã.

Valquíria MaresWhere stories live. Discover now