Capítulo 8

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Ele atacou de novo e consegui desviar por milímetros. Outra vez ele me atacou e cruzei os punhais detendo a espada perto da minha barriga.

— Cara, isso é muita covardia! Sou uma criança e você um troglodita de quase dois metros. – Reclamei.

— Dezesseis anos não é uma criança. – Me surpreendi com a voz bonita que ele tinha.

— Também acho, mas não consegui crescer, criatura! – Gritei quando ele me atacou novamente e me joguei fora da mira.

Ele veio de novo e girei para o lado passando um punhal na direção dele, não acertei, ele se esquivou mais rápido do que eu julgaria possível, detive mais dois golpes dele e vi de relance uma chance, me joguei para detrás de uma parede.

— Não luta como uma criança. – Ele provocou tentando rodear a parede, mas pensou melhor quando notou o espaço reduzido pelo qual teria de passar.

— Eu nem estou lutando, cara! Só não espere que vá, de boa vontade, deixar que me parta ao meio. – Ganhei tempo.

Avaliei melhor minha situação e quase suspirei aliviada. Com os desabamentos, o vão para ele me alcançar o deixaria exposto demais para que eu pudesse cortá-lo com os punhais, porque ele certamente ficaria entalado se tentasse passar por ali.

— Por que invadiu? – Sua pergunta me lembrou do aviso do meu pai.

Não estava segura coisa nenhuma! Ele mandava na droga do lugar todo, provavelmente poderia derrubar o túnel inteiro na minha cabeça e sair desfilando sem arranhões.

— Do que está falando? Eu fui sequestrada! – Tentei.

— Com sedativo cirúrgico, punhais e um foco? Duvido muito.

— Esqueceu a parte do "sozinha com mais de três dúzias de bandidos armados em volta e sem saber pilotar merda nenhuma". – Observei – Olha, vou sair detrás da parede se prometer não tentar me matar.

— Não apostaria nisso.

— Qual é? Eu não sabia que o interior da terra tinha um dono até já estar aqui, tá legal? As pessoas não costumam dividir muitas informações desse tipo comigo... Nem sobre mim mesma na verdade. – Exalei encostando as costas na parede.

— Quem é você?

Me animei, se ele estava curioso não ia me matar.

— Valquíria Mares. Estudante de medicina, médica chefe interina do instituto de saúde de Bergmann. Estava a caminho de um evento da Universidade quando derrubaram a nave de suprimentos que me dava carona, foi assim que vim parar aqui. Não vim porque quis, mas aprisionaram o piloto, meu amigo, não podia deixá-lo.

— Quem são seus pais, Valquíria? – Sentia ele tenso, ainda bravo, mas também curioso.

Uma ideia começou a passar pela minha mente ao analisar o motivo da raiva dele, mas me limitei a responder sua pergunta primeiro.

— Meu pai se chama Tristan Mares e não sei o nome da minha mãe.

— Uma híbrida que não conhece a mãe é novidade. – Ele desdenhou.

— Primeiro: Não faço ideia do porquê me chamou de híbrida; Segundo: se tivesse sido abandonado pela sua mãe aos dez anos, sem permissão de fazer perguntas e com a única nomenclatura de mãe para se referir a ela até então, entenderia minha situação.

— Imagino que conte com seu poderoso pai para tirá-la daqui. – Ele provocou.

Ri. Não pude evitar, era uma situação tão desesperadora e estranha que não consegui outra reação.

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora