Prólogo

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O sol brilhava por entre as cortinas, quando ouço o despertador tocar e na cama ao lado, minhas colegas de quarto gemer incomodadas com o som irritante que vinha desse.

Já estava acostumada com a rotina que se repetia todos os dias. Pela manhã, acordava uma hora antes da primeira aula para poder conseguir tomar banho a tempo, já que minhas colegas eram lentas e não se importavam com mais ninguém além de si mesmas. Afinal, pela manhã, todos somos irritantes.

Porém, hoje decidi acordar com a mente em plena positividade e determinada a deixar as coisas fluírem de forma natural. Então, na manhã de terça-feira, 31 de outubro o sol nasce deslumbrante. Levanto-me, e observo o jardim pela janela de vidro com grades na parte de fora dela, feliz, pensando o quão longe consegui chegar e o quão realizada estava por estar vivendo o sonho que todas as minhas colegas da minha antiga escola no Brasil sonhavam em viver. A gratidão me inundou e um sorriso grande apareceu quando uma notificação tímida soa fazendo meu celular vibrar sobre a cama.

Mãe
'Que Deus ilumine os seus dias minha querida, feliz aniversário. Sinto sua falta. Nos vemos no natal!'

Pai
'Feliz aniversário gigante! Saudades ;( '

Meus olhos enchesse de lágrimas instantaneamente. Eu os amo tanto...

Animada, sigo em direção ao banheiro e cantarolando minha música preferida Whispers da Eurielle, que por sinal, me provoca uma paz de espírito imensa sempre que a ouço, tomo um relaxante banho, e após escovar os dentes, sigo em direção a minha gaveta no mini guarda roupa e visto o uniforme que já está se tornando apertado. Sufocante na verdade. Penso em ligar para os meus pais e pedir mais verba para comprar um novo automaticamente, mas, hoje é um dia de paz, balanço minha cabeça e concordo comigo mesma para fazer isso amanhã, afinal, não é todos os dias que completo 17 anos. Sorrio novamente.

— O que está acontecendo logo às 6:57hrs da manhã?! — Amanda pergunta esfregando os olhos e sentando-se sobre a sua cama sabendo que está a quinze minutos por se atrasar. — Você está radiante hoje! — Boceja irônica.

-— É aniversário dela sua ogra estúpida. — Patri a responde saindo do banheiro com os cabelos pingando água no chão liso do quarto. Ótimo. E lá vamos nós outra vez.
Reviro os meus olhos.

— Estou indo meninas. — Digo indo em direção a minha bolsa do Snoopy e Woodstock que havia comprado com o dinheiro do presente que meus pais haviam mandado. Era isso ou um tênis do Hora de Aventura, soa infantil, mas não se pode fazer nada a respeito. Sou assim.

— Pra onde ?!! Você nunca toma café da manhã. — Ouço a voz da Patri na porta do quarto, mas, não me digno a responder e continuo andando a passos lentos pelo corredor do dormitório.

Estava decidida a não deixar ninguém estregar o meu dia, mesmo que, algumas pessoas involuntariamente já o tentasse fazer. E ao sair, cobrindo meu rosto com um dos meus braços, sigo a passos rápidos em direção a escola que fica a cinco minutos de distância do dormitório, fugindo do vento forte da manhã capaz de levantar minha maldita saia rodada chadrez que me deixa ridícula e vulgar. Mesmo sabendo que minha opinião não conta, para deixar bem claro, ela existe. E às pressas acompanhada de vários outros estudantes fugindo das primeiras gotas da chuva que ocorreria a poucos segundos, passamos pelo portão da frente cumprimentando o vigia idoso, barbudo e acima do peso, sentado na cabine confortavelmente observando-nos correr como uns desesperados.

Sigo em direção ao meu armário e pegando meus livros e cadernos que por sinal são mais de seis, um exagero, eu sei, vou para a primeira aula do dia e mesmo não entendendo o por que eu usaria a fórmula do conjunto união dos números em meu dia a dia, me esforço para aprender, afinal hoje é o dia em que até a minha inimiga mortal chamada álgebra que me deixa de prova final quase todas as vezes no final do ano se torna A QUERIDA álgebra.

O Nascimento De Um Erro FrancêsWhere stories live. Discover now