Capítulo 220

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Os meus saltos fazem barulho contra o chão de madeira, enquanto me concentro para chegar até à porta de trás do restaurante. Se estivéssemos mais perto de casa, eu iria embora agora, fazia as malas para Seattle, e ficaria em um hotel até encontrar um apartamento. Estou tão cansada de o Harry fazer isto, é doloroso e embaraçoso, e está me colocando para baixo. Ele está me colocando para baixo, ele sabe disso. É exatamente por isso que ele está fazendo.

Finalmente alcanço a porta, e abro-a, esperando que não acenda um alarme. Eu devia ter visto se era uma saída de emergência, mas não consigo pensar. A noite fria me envolve no momento em que estou na rua. Está calmo, me envolvendo em algo, mais do que ar seco e tensão embaraçosa.

Repouso os seus cotovelos na varanda e olho para a floresta. Está escuro, praticamente preto. O restaurante está situado bem numa área de floresta, para criar uma atmosfera isolada. Funciona, mas não é o ideal para mim agora, quando já me sinto encurralada.

“Está bem?” Uma voz soa atrás de mim. Quando me viro, o empregado, Robert, está na porta, uma pilha de pratos numa mão.

“Uhm, sim, só precisava respirar.” Respondo, sinceramente.

“Oh, está um pouco frio.” Ele sorri. O sorriso dele é educado, e na verdade, bastante cativante.

“Sim, um pouco.” Respondo. Comparado com o ar sufocante do restaurante, é bom estar aqui fora.

Ficamos os dois em silêncio, um silêncio ligeiramente embaraçoso, mas não me importo. Nada é mais embaraçoso do que estar naquela mesa.

Uns segundos depois, ele fala, “nunca te vi por aqui, antes.” Ele coloca, gentilmente, os pratos numa mesa ao lado da porta, e se aproxima. Ele descansa os seus cotovelos na varanda, apenas a um passo de distância.

“Estou de visita, nunca estive aqui antes.”

“Devia vir no verão, Fevereiro é a pior época para vir, bem, exceto Novembro e Dezembro, talvez até, mesmo Janeiro,” as bochechas dele coram enquanto ele divaga, “entendeu o que quis dizer.” Ele diz. Consigo ver que ele está com vergonha.

“Aposto que é lindo no verão.” Tento não rir dele, e das suas bochechas vermelhas.

“Sim, você é.” Os olhos dele arregalam, “Quer dizer, sim é.” Ele corrige-se, “juro, normalmente não sou assim tão estranho.” Ele passa a sua mão pelo seu rosto, e eu junto os meus lábios, numa tentativa de não rir dele, mas não consigo evitar. Um pequeno riso escapa, e ele parece estar ainda mais assustado do que antes.

“Mora aqui?” Pergunto, tentando acabar com a vergonha dele, ao mudar de assunto. A companhia dele é refrescante, é bom estar perto de alguém que não é intimidante. O Harry toma conta de qualquer sala em que ele entre, a presença dele é esmagadora, em metade do tempo.

“Sim, nascido e criado, de onde é?”

“Estou na Universidade de Washington, vou começar no campus de Seattle na próxima semana.” Sinto que tenho esperado tanto tempo para dizer estas palavras.

“Wow, Seattle. Impressionante.” Ele sorri, e eu rio novamente.

“O vinho me faz rir bastante.” Deixo escapar e ele ri, olhando para mim.

“Bem, fico feliz por não estar rindo de mim.” Os olhos dele passam pelo meu rosto, e eu desvio o olhar, “devia ir para dentro, antes que o seu namorado venha procurar por você.” Ele diz.

Viro para olhar para a janela de viro, a cabeça do Harry está virada na direção da Lilian. “Acredita em mim, ninguém vai vir procurar por mim.” Suspiro, o meu lábio inferior treme enquanto o meu coração me trai, se afundando mais e mais.

AFTER 3 (Tradução Português/BR) - PARTE 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora