Capítulo 30

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Ao sair de casa com sua irmã e olhar ao redor, onde casas e estabelecimentos comerciais estavam sendo reerguidos, Natasha pensou em quanto sua vida havia mudado. Ela havia imaginado que mudaria, esse era o seu maior medo, mas nunca imaginou algo assim. Algo mágico. E algo horrível também. Sua mãe ainda não havia sido localizada. Ela e Natalia trabalhavam dia e noite para encontrá-la, sem sucesso algum. Estavam desanimando, mas ela jamais desistiria, não conseguia nem pensar na ideia de nunca mais ver a mãe.

Quando passaram pela porta, ela estranhou ver tantas pessoas naquela mesma sala de estar, onde já estivera outras três vezes e recebera respostas para a maioria de suas perguntas. Sem contar, é claro, que aquela era a casa em que quase morrera quando o Dawcold a invadiu. Havia pelo menos umas trinta pessoas naquela casa, e contando. Natalia ficou tão feliz com a aglomeração, que abandonou a irmã logo na entrada.

Melyssa surgiu assim que pisou os pés na cozinha. Segurava um cupcake e lhe oferecia um enorme sorriso, que ela prontamente retribuiu. A abraçou e felicitou, depois entregou seu presente. Natasha lhe comprou um vestido florido e ficou feliz quando viu o que a amiga estava vestindo, porque isso lhe deu a certeza de que escolheu algo que ela ia gostar.

A aniversariante usava um vestido lilás repleto de flores em renda, acompanhado de asinhas de fada. Ela achou que seria legal brincar com o fato de realmente ser uma, principalmente quando suas asas de verdade não funcionavam. Natasha fez algum comentário sobre a fantasia que ela não entendeu bem e depois perguntou onde ficava o banheiro. Após indicá-lo à amiga, ela retornou aos pensamentos que assombravam sua mente nos últimos dias.

Ela não tinha estado feliz como sempre desde a missão, mas nesse dia ela estava, precisava estar. Quando viu que, aos poucos, todos os seus amigos estavam chegando, sua felicidade não precisou mais ser forçada. É claro que ela ficaria extremamente mais feliz em ver algumas pessoas em específico, mas entendia completamente o fato de não estarem ali. Estava tudo especialmente difícil naquela última semana.

Todos esses pensamentos caíram por terra quando viu Meliorn passar pela porta. Logo correu para abraçá-lo.

— Meli! Como você tá aqui? — ela indagou, surpresa.

Como eu não estaria? É seu aniversário! Parabéns, Mel, você merece o mundo inteirinho.

— Obrigada, Meli, de verdade. — Ela olhou ao redor e depois voltou o olhar para o dele. — Mas você sabe o que eu quis dizer.

— Você acha que eles iam me proibir depois de tudo? Mel, você é a maior heroína do momento. Inclusive, eles me pediram pra conversar com você. Querem que você volte pro bosque.

— Querem que eu volte?! — Melyssa arregalou os olhos, tanto em surpresa quanto espanto.

— Você não vai voltar, né? — Ele tentou olhá-la nos olhos, mas Mel baixou a cabeça.

— Eu passei muitos anos pensando em como seria bom quando alguém finalmente dissesse que me queriam de volta, mas não posso. Eles não me querem lá, não de verdade. Recentemente, eu descobri como ser recíproca, não os quero mais. Você é o único lá por quem valeria o sacrifício de voltar, mas...

Meliorn tomou uma de suas mãos e disse:

— Eu entendo, pode ficar tranquila, eu nunca te faria voltar pra lá. Quero que seja livre.

Melyssa o abraçou mais uma vez, deixando lágrimas escaparem de seus olhos.

— Por falar nisso — ele continuou —, mandaram algo pra você. Isso você precisa aceitar.

— Eu já ia dizer que não vou aceitar nada deles, mas você me deixou curiosa.

— Acredite em mim, você vai querer isso — disse Meliorn, enquanto tirava um frasco de sua bolsa.

Primavera | As 4 Estações [Livro I]Where stories live. Discover now