Capítulo 6

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Janelle havia passado o dia inteiro em casa, pensando em qual seria seu próximo passo, a escola não era tão importante quanto descobrir por que o nome da mãe de Natasha a deixara assim, ainda estava atônita, aquele nome lhe era familiar, muito familiar.

— Mary-Anne Summers... — pensou alto, e ouviu um estrondeante barulho de pratos se estilhaçando no chão.

— O que você disse? — sua tia perguntou, surgindo da cozinha, com resquício de surpresa em seus olhos.

— O que você sabe sobre ela? — Janelle questionou, sem medo de parecer desesperada.

— Não muito. Só sei que ela é metade Ligheat e a outra metade é humana.

— Que Ligheat iria querer ter filhos com um humano? Eles são tão irritantes, me fazem detestar a escola e todo o resto.

— Você já detesta tudo por natureza — retrucou a tia.

— É verdade, mas vamos voltar ao assunto, por que o nome dela te deixou tão assustada?

— Sua... sua mãe dizia conhecer uma profecia que envolvia essa mulher, mas ela sumiu e nunca mais foi vista.

Janelle podia não demonstrar, mas doía toda vez que ouvia alguma menção à sua mãe. Mas naquele momento, deixou isso de lado e perguntou:

— Que profecia?

— Eu não sei, eu acho que vai ter que ir lá perguntar pra quem realmente sabe.

— Não, de jeito nenhum, não vou falar com aquela mulher.

— Tudo bem, então não terá sua resposta. Mas por que você está tão interessada nessa mulher, afinal? — a tia perguntou, por fim, provocativa.

— Porque ela está aqui, em Hope Path, e preciso saber se ela representa algum risco para nós.

— Pelo que sua... minha irmã disse, ela acabaria vindo, mais cedo ou mais tarde. E acho melhor você ir lá falar com ela, ela é sua mãe, vocês precisam se entender.

— Não, eu não tenho nada para falar com aquela mulher — retrucou Janelle, zangada.

— E quanto a Mary? — a tia perguntou, arqueando uma das sobrancelhas.

— Eu dou meu jeito, posso perguntar para outra pessoa.

— Quem? Você sabe que não tem mais ninguém a quem você possa perguntar isso.

Janelle bufou e encarou a tia por alguns segundos.

— Tudo bem, você venceu. Se der, viajarei para Miami hoje mesmo, isso significa que você terá que providenciar uma declaração da escola.

— É claro, não quero que você bombe por faltas.

— Você sabe que isso é injusto, não sabe? Foi ela quem me rejeitou.

— Não importa, vocês precisam conversar, e acredite, ela é muito mais teimosa que você. — Janelle amava a tia, mas detestava quando ela dizia coisas assim, era o mesmo que invalidar seu sofrimento.

— Tudo bem, mas que fique claro que eu vou lá pra saber sobre Mary, nada mais.

Nesse momento, elas ouviram batidas na porta. Enquanto a tia limpava a bagunça que fez na cozinha, Janelle andou sobre o assoalho até a porta branca da sala de estar e abriu-a. Era Jhonny.

— Janelle, podemos conversar?

— Nossa, o que aconteceu com "boa tarde"?

— Você também não é uma das pessoas mais educadas que eu conheço. Podemos conversar?

Primavera | As 4 Estações [Livro I]Onde histórias criam vida. Descubra agora