Capítulo 15

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— Vá em frente — Natalia disse a Jhonny quando eles pararam na frente do Conselho. — Não vamos entrar.

— Por que não? Poxa, nunca estive em um lugar como esse — Natasha retrucou, fazendo biquinho.

— Por isso mesmo, vai acabar fazendo besteira.

Natasha suspirou, reconhecendo que a irmã estava certa.

— Tudo bem — concordou Jhonny. — Lá vou eu.

Ao entrar, Jhonny logo reconheceu Aurora e Flora no centro em poltronas grandes e enfeitadas demais para um governo que se negava intitular-se monarquia, pareciam tronos legítimos. Ao redor delas estava repleto de soldados e conselheiros. Flora o reconheceu e sorriu para ele, ao mesmo tempo em que Aurora fechou a cara. Ela não era conhecida por ser simpática e, também, não fazia questão de parecer.

Jhonny fez uma reverência para as duas e pediu permissão para juntar-se ao Conselho.

— Permissão concedida — disseram ambas em uníssono. — Como deseja contribuir com esta assembleia, Sr. Springer? — perguntou Aurora.

— Com informações, suprema veranil. — Jhonny prontamente respondeu.

— Que tipo de informações?

— Como é do conhecimento de todos, vivo em Hope Path com meus pais adotivos, Rose e Calvin, desde que eu tinha 14 anos, e antes disso já fazia visitas constantes. E, portanto, posso garantir que nunca vi um fenômeno como o que está acontecendo no momento. Tudo está morrendo, primeiro a flora, depois a fauna, falta pouco para que a população se refugie em outras cidades. A morte da vida em Hope Path pode significar o fim de toda a vida na Terra. Tudo me leva a crer que esse fenômeno inédito seja um prenúncio para a guerra prevista na profecia do Statera.

Ele pôde ver ao redor muitos dos conselheiros e soldados levarem suas mãos à boca em sinal de choque. Surgiu um enorme burburinho, vozes em desespero.

— Basta! — Aurora bradou, a sala imediatamente imergiu em um silêncio profundo.

— Não entrem em pânico, tudo será resolvido — Flora tentou tranquilizá-los. Jhonny não sabia se era um ato de inocência, esperança ou simplesmente uma falsa promessa para acalmar seus "súditos".

— E eu acho que a melhor forma de resolver isso é preparando um exército para a guerra — disse Jhonny, por fim, e tão logo ele o disse, o burburinho voltou.

***

Do lado de fora, Natasha via que as pessoas estavam agitadas.

— O que está acontecendo lá?

— Jhonny disse para se prepararem para a guerra — Natalia respondeu.

— O quê? Como é possível que ele concorde com isso? — Natasha estava chocada.

— Ele se preparou a vida toda para isso, não concorda com a guerra, mas ela é inevitável.

— E não tem outra forma de resolver as coisas? E como diabos você sabe o que ele disse? Não dá para ouvir nada!

— A guerra está prevista há séculos, ela consta no livro, que inclusive você leu. E eu consigo ouvir porque joguei um encantamento em Jhonny antes que ele entrasse lá, ouço tudo com os ouvidos dele. Mas só se eu me concentrar, e você está me desconcentrando.

— Não tem como eu ouvir também?

— Não.

Natasha ficou em silêncio e analisou as árvores em volta, então lembrou de seu sonho, aquele com o livro que sugava tudo para si. Um passarinho parou próximo a seus pés, olhou para ela e depois voltou a voar. Ele era verde, do mesmo tom de um quarto do Statera, aquele que dizia respeito à primavera, o que lhe lembrou de uma profecia muito interessante, uma que não envolvia guerra, pelo menos não totalmente. Uma alma valente que recuperaria um livro? Algo assim. Não seria essa a solução para tudo?

Primavera | As 4 Estações [Livro I]Onde histórias criam vida. Descubra agora