Capítulo 9

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Ela fitava o teto do avião, como se ele fosse desabar sobre sua cabeça em algum instante. Mal podia acreditar no que estava fazendo, nunca imaginou que algum dia fosse fazer essa viagem, parecia estúpida. Se seu objetivo não fosse concluído, nunca perdoaria sua tia por tê-la convencido a isso, e nunca perdoaria a si mesma por ter concordado.

Bom, se o plano não desse certo, pelo menos poderia conhecer a cidade e, principalmente, suas praias. Lá no alto era muito frio, estava ansiosa para conhecer o calor de Miami, mas não estava nem um pouco ansiosa para ver, depois de tanto tempo, a mulher que a abandonara.

Não esperava que ela fosse lhe acolher, tudo o que ela realmente queria era que essa história fosse esclarecida de uma vez por todas. Naquele momento quase se arrependeu de não ter deixado Jhonny ir junto, sentia-se só. Algo lhe dizia que essa viagem seria mais longa do que havia previamente imaginado.

***

Natalia achou seu alvo depois de certo tempo procurando, ele tinha companhia, e seus dotes de detetive diziam que aquilo parecia muito suspeito. Depois que pensou ter sido vista, sumiu de lá tão rápido quanto surgiu, voltando para casa.

Depois de passar um grande tempo em seu quarto, pensando, decidiu que precisava saber mais sobre tudo isso, seu conhecimento era limitado ao que Mary havia lhe falado, precisava mesmo de informações, mas não podia perguntar, ninguém era confiável o bastante. Precisava do Statera, o livro das estações.

Por ser um livro, não fazia sentido procurar em outro lugar.

— Natasha, vamos conhecer a biblioteca da cidade! — gritou do corredor dos quartos.

— Você disse biblioteca? — questionou Natasha, surgindo na porta de seu quarto com os cabelos castanho-avermelhados desgrenhados.

— Vai arrumar esse cabelo e nós vamos — disse Natalia, bagunçando ainda mais o cabelo da irmã.

— Exibida, só porque nasceu com um cabelo ruivo perfeito, não uma imitação como o meu.

— Para de reclamar, achei que já tivesse superado. Seu cabelo é lindo, você só precisa pentear.

— Tá bom, espera só um minutinho. — Entrou no quarto, fechando a porta, mas logo voltou a abrir. — Talvez dois.

— Só vai logo, por favor!

— Ok. — Fechou a porta por cinco minutos, e quando abriu ainda penteava as pontas do cabelo. Vendo a expressão nada contente da irmã, ela tirou a escova do cabelo e atirou-a em seu quarto, mirando na cama, mas acabou acertando em cheio o espelho que ficava acima da escrivaninha.

Oops! — exclamou, ainda bem que não acreditava em superstições.

— Você disse dois minutos! — bradou Natalia, furiosa, ignorando o lance malsucedido de Natasha e o espelho quebrado.

— Estava muito embaraçado.

— É claro, há quantos séculos que você não penteia esse cabelo? — A mais nova fez uma expressão pensativa. — Tudo bem, não precisa responder, vamos?

— Vamos, amo conhecer bibliotecas novas.

As irmãs saíram de casa rumo à biblioteca da cidade, mas mal sabiam o que estava prestes a acontecer.

***

Era uma tarde de domingo, o sol estava forte.

— É primavera, não devia estar chovendo ao invés do sol estar tão forte assim? — resmungou Natasha.

— O que você tem contra o sol, Natasha Summers?

— Nada, eu amo o sol, só achei que aqui seria diferente.

Primavera | As 4 Estações [Livro I]Where stories live. Discover now