Era meio inacreditável que ela estivesse em uma sala de aula novamente depois de ter visto tudo o que viu e vivido tudo o que viveu naquele mundo completamente mágico que ela nunca soubera que existia. Era inacreditavelmente horrível, pois não conseguia se concentrar em nada. Logo vinham imagens do Conselho em sua cabeça, e dos sonhos e do livro e das profecias e da faísca de poder que sentiu ao tocar Janelle quando estavam na Base Veranil e de sua mãe, que ela ainda não sabia o paradeiro e...
Parou sua frenética e embaralhada linha de pensamento quando uma mão tocou as costas de uma das suas.
— Ei, você tá bem? — Ela olhou confusa na direção da voz, vinha de um garoto estranho, no sentido de que nunca o vira antes. Só então lembrou que a professora apresentaria um aluno novo naquele dia. Ele era bonito, muito bonito. Tinha a pele bronzeada de um tom claro de marrom, o cabelo era de um tipo bem comum, porém estiloso, seus olhos eram castanhos e levemente estreitos, então lhe ocorreu que ele viesse de alguma parte da Ásia, ou era apenas descendente de asiáticos.
— Ah... — Foi só o que ela conseguiu dizer.
Ele apontou o queixo em direção ao caderno dela. Natasha imediatamente olhou. Era uma bagunça de elementos da natureza, todos amontoados.
— Ah... — Foi só o que disse novamente.
— Quer tomar um ar?
Como não conseguia dizer nada, ela apenas assentiu em resposta. O garoto deu uma desculpa para a professora ou disse a verdade, ela não sabia ao certo, e então saíram.
Depois de tomar muitos goles de água, Natasha conseguiu dizer:
— Muito obrigada... eu realmente não sei o que aconteceu.
— Tudo bem, não precisa agradecer, não foi nada.
— Qual é o seu nome mesmo? Não prestei atenção quando a professora te apresentou.
— Thomas. Thomas Faller.
— Eu sou Natasha Summers — disse estendendo a mão para cumprimentá-lo.
— Eu sei — ele disse, apenas, enquanto aceitava a mão que lhe era estendida.
Natasha o encarou, ele sustentou o olhar.
— Eu perguntei para uma garota: "quem é aquela maluca rabiscando o caderno?".
— Ah, sim — disse ela, mais aliviada do que ofendida, tinha medo de que ele fizesse parte de toda a maluquice que a cercava ultimamente. Por fim, ela riu, ele riu também.
— Bom, já podemos voltar? Você me parece normal agora.
— É claro.
A situação toda foi muito bizarra, mas Natasha estava tão absorta com outras coisas, que resolveu ignorar o que acabara de acontecer.
***
Melyssa estava sentada em banco do refeitório da escola quando Jhonny se aproximou.
— Oi, Mel! Não te vejo há tanto tempo, você está bem?
— Bom... menos do que gostaria.
— Eu tenho muito para te contar, mas pode começar. Não gosto de te ver mal, você sabe disso.
— É que... não importa o que eu faça, nunca serei boa o bastante.
— O que te faz pensar isso?
— Meus pais. Eles nunca me apoiaram, nem meu irmão. Eu sou uma vergonha para o mundo das fadas, elas dizem que eu nunca deveria ter nascido.
— Sabe, quando me falaram sobre a existência das fadas, criaturas primaveris, que foram criadas para assegurar beleza e diversidade à fauna e flora, eu pensei que fossem a personificação de todo o bem que há no mundo. Mas depois de tudo o que me disse sobre elas, não tem como detestá-las mais. Qualquer um que te faça sofrer, Mel, não merece um pingo da atenção que você dá a eles. Estou começando a achar que Esther estava certa, afinal.
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ČTEŠ
Primavera | As 4 Estações [Livro I]
FantasyAs estações do ano existem como uma indicação de tempo, de temperatura, de transformação... Mas como elas surgiram? Qual foi o momento exato em que alguém determinou a existência delas? Natasha sempre questionou muitas coisas, principalmente sobre s...