Capítulo 22

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Já era sexta-feira, desde terça Jhonny não ia à escola e nem respondia às mensagens de seus amigos, não queria encarar ninguém depois de tudo o que lhe foi revelado.

Seu celular vibrou e uma mensagem surgiu na tela, era de Melyssa:

"Não pode nos ignorar para sempre."

Ele sabia que não. Não podia se permitir ser egoísta. Naquele momento, tudo dependia dele, não podia falhar.

Melyssa lhe mandava mensagens todos os dias, a preocupação era evidente. Ele não a respondeu em nenhum momento, mas não sentia raiva dela, até porque isso seria impossível em qualquer situação.

Janelle, por outro lado, não mandou mensagem alguma, ela o conhecia bem demais para saber que não adiantaria. Ele estava chateado por ela ter escondido essa história dele por tanto tempo e ela sabia disso. Se sentia envergonhada, mas não arrependida. Tinha muitos motivos para isso e esperava que ele lhe desse a chance de explicá-los. Eles não se falavam há três dias, mas sabiam exatamente o que o outro estava sentindo e isso fazia tudo ser ainda mais doloroso.

Era noite, o baile seria no dia seguinte, e seria também o momento ideal para ele sair da toca. Precisava cumprir com sua palavra a qualquer custo, engolir seu orgulho era um deles.

Tomando coragem, pegou o celular e enviou uma mensagem a Melyssa e a Janelle:

"Me esperem amanhã, estarei lá."

***

Natasha continuava recebendo memórias a todo momento, mas só conseguia pensar em uma delas, aquela que surgiu enquanto conversava com Thomas. Não tinha imagens naquela memória, havia apenas o som de uma voz, que dizia: "Você é única, querida, lembre-se sempre disso". Assim como antes, de forma irracional, ela sabia que aquela voz pertencia ao seu pai. Havia algo de especial em ouvir aquilo da voz dele, mas, por mais que tentasse, não conseguia se imaginar sendo essa pessoa tão única e especial que insistiam em lhe dizer que era. Esperava que algum dia essa parte da história pudesse fazer sentido, então ela seria tudo o que esperavam que ela fosse. Ela só não imaginava o quanto esse desejo poderia custar.

Também não saía de sua cabeça o fato de ela ter aceitado ir ao baile com Thomas, porque outra memória interessante que ela recebera, foi do dia em que a biblioteca foi destruída, descobrindo outra mentira de sua família. Nem se surpreendia mais. Naquele dia, ela quase morreu esmagada pelas estantes de livros, viu Jhonny usar seus poderes de terra contra Thomas e experimentou o teletransporte de Natalia pela primeira vez. Nada naquele dia fez sentido para ela, por isso não surtou tanto ao descobrir muito tempo depois. Ao menos agora podia compreender tudo.

Era triste pensar que seu primeiro baile teria, para ela, a função de arrancar informações de Thomas. Mas não era o fim do mundo, ela teria outras oportunidades se pudesse impedir o fim do mundo de fato.

No outro quarto, Natalia vasculhava em cada página do Statera, atrás de alguma luz que explicasse o desaparecimento de Mary.

Natasha havia dito que Esther tentou localizá-la em sua bola de neve quando estiveram fora da cidade, a forma utilizada pelas bruxas para localizar qualquer coisa, mas não obtivera resultado. O que significava que, onde quer que estivesse, havia algo impedindo que fosse encontrada.

Natalia sabia que Mary fora levada por um portal outonal, mas isso não servia para precisar onde ela estava. A esperança dela era encontrar alguma informação ou dica, o que quer que fosse, ali naquelas mais de mil e duzentas páginas.

***

Ele estava lá, pontual como sempre foi. Ela insistiu para que se encontrassem lá, não queria que parecesse um encontro. Ele achou justo.

Primavera | As 4 Estações [Livro I]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora