Primavera | As 4 Estações [Livro I]

Capítulo 28

Eles chegaram perto de um penhasco. Janelle teria adorado aquilo se não fosse a vista tenebrosa. Melyssa sufocou um grito quando viu algo bem ao longe sugar tudo ao redor, eles mal conseguiam encarar a destruição, era quase irreal. Uma esfera se formava, comprimindo uma parte daquele mundo e sugando aos poucos todo o resto.

— Suponho que o livro esteja lá — disse Daren, apontando para o centro de tudo aquilo.

— Natasha sonhou com algo assim, ela me contou que um livro sugava tudo ao redor, exatamente desse jeito — Jhonny disse enquanto fazia esforço para encarar a paisagem ao longe, era doloroso de ver.

— Como vamos fazer isso? — perguntou Mel.

— Não vamos. — Ela o olhou confusa. — Eu vou.

— Não, você não pode ir sozinho.

— Por que não? Essa missão é minha.

— Mas eu posso ser útil, eu sou perfeitamente capaz de ajudar — disse ela, frustrada.

— Claro que é, você já provou isso e fez mais do que deveria. Eu preciso fazer isso sozinho dessa vez, não quero que ninguém mais se machuque no processo. Eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a você.

Melyssa assentiu, lentamente, e então indagou:

— Você pelo menos tem alguma ideia do que vai fazer?

— Não, na verdade. Mas sei que preciso chegar até o outro lado e fechar o livro.

— Não tem como isso dar certo — retrucou ela.

— Obrigado pela força — disse, sarcástico.

— Ela tem razão, você não tem chance nenhuma. Vai acabar sendo sugado pelo livro também — concordou o moço.

— Vocês não estão ajudando. Eu preciso fazer isso.

— Tudo bem, mas ainda não acho que você tenha alguma chance...

O garoto demorou um tempo para perceber que ainda não havia falado seu nome.

— Jhonny.

— Ótimo, gosto de saber o nome das pessoas com quem estou falando. — Ele se virou para Melyssa. — E o seu?

— Mel.

— Tudo bem, o que você pretende fazer agora, Jhonny? Tenho uma família me esperando e eu quero muito voltar pra casa e poder dizer que nosso problema será resolvido.

— Estou pensando.

— Tudo bem, eu vou esperar você pensar enquanto o mundo está sendo sugado a alguns quilômetros de nós.

— Eu não quero morrer tentando chegar lá, ok? Sabe por quê? Porque se eu morrer, tudo estará perdido, mas eu estou disposto a dar a minha vida por essa missão. Só que isso não pode acontecer enquanto ela não estiver concluída, então se eu fosse você, pararia de reclamar e me ajudaria a pensar em algo! — Jhonny se exaltou.

— Calma, pessoal. Vamos respirar fundo e pensar nisso juntos. Todos temos algo a perder nisso, o mundo inteiro, na verdade, então vamos agir racionalmente. — Melyssa raramente perdia a calma, ela estava sempre disposta a resolver tudo com uma boa conversa, o que incluía conflitos alheios.

— Que tal uma cerca viva? Algo verde em que eu possa me segurar para conseguir chegar até o livro — sugeriu Jhonny.

— Como isso funcionaria? Como garantir que o livro não sugaria isso também? E como manter uma cerca viva quando tudo está morrendo? Nossos poderes mal funcionam — retrucou Daren.