Capítulo 12

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Enquanto caminhava, todo o caminho se iluminava por vagalumes, as flores abriam-se com o toque de seus dedos e o som dos pássaros enchia seus ouvidos. Sentia tremenda paz. A sensação era a mais agradável que já sentira em toda a sua vida, mas não durou muito. De súbito, a luz dos vagalumes se apagou, as flores começaram a murchar, o ambiente se tornou escuro, vazio, triste e frio.

Foi então que ela se tocou, foi quando o cenário a sua volta se desfez que ela percebeu que ele nunca tinha sido real. Um lugar como aquele não poderia existir, não fora de seus sonhos, que era onde encontrava-se presa novamente. Mas este, em específico, acabara de tornar-se um pesadelo.

Nesse momento em que tudo mudou, ela notou a presença de um livro, que repousava sobre o tronco de uma árvore que havia sido cortada. Ele brilhava e parecia sugar toda a luz e tudo o que era vivo para si, então aproximou-se e percebeu que o livro era verde e sua capa parecia uma minifloresta, com várias espécies diferentes de fauna e flora. Tentou observar mais detalhes, como o que estava escrito na capa, mas acabou sendo sugada também.

Então seus olhos se abriram e percebeu que estava deitada em cima do livro. Chegou à conclusão de que dormiu enquanto lia. Seus olhos passearam pelo livro, havia parado sua leitura em uma página cujo título era Primavera: Profecia e um trecho lhe chamou a atenção: "...e quando a guerra enfim começar, a morte da flora também chegará, e se concretizará definitivamente, a menos que alguém de sangue valente, encontre o livro das flores, das plantas e dos animais, apenas um será capaz de trazer tamanha paz". Rapidamente se lembrou de seu sonho, o livro que sugava tudo para si, seria aquele o tal livro da profecia? Precisava falar com alguém a respeito disso. Mas quem, se todos só conseguiam esconder coisas dela? Sentia que todos estavam mentindo, absolutamente todos.

***

Melyssa estava sentada em um banco no refeitório e Jhonny se aproximou.

— E aí, Melzinha?

— Oi, tudo bem?

— Sério? Nenhuma repreensão? Você odeia que eu te chame assim.

— Hoje eu não me importo.

— O que houve? Não é normal te ver assim, e é algo que eu particularmente não gosto muito.

Melyssa olhou para ele com um olhar de quem tem muito a contar, e então desabafou:

— Sabe, as coisas nunca foram muito boas entre minha família e eu, você sabe disso, mas eu preciso visitá-los, preciso garantir que ficarão bem, tenho que prepará-los para o pior.

— Eu entendo. Independentemente de qualquer coisa, eles são sua família e você sempre vai prezar pelo bem deles.

— Que bom que me entende, pena que nem todo mundo pensa assim.

— Esther?

Melyssa balançou a cabeça positivamente.

— Ela não tem o direito de te criticar por isso, a família dela também não é composta pelas melhores pessoas do mundo.

— Mas ela também odeia a família dela. Você sabe que ela não é uma pessoa fácil e tem dificuldade para perdoar e eu não a culpo por isso, só não quero que ela me culpe por ainda amar minha família.

— Eu sei. Não gosto dela, mas sei que ela não tem culpa de ter nascido onde nasceu. A vida a fez ser cruel.

— Ei! Ela mudou, tá legal? Não é mais assim, quase pensei que você não fosse julgá-la hoje.

— É inevitável, desculpa.

— Ok, Jhonny. Agora já pode ir.

— Tá me expulsando, é? Espera, eu só preciso perguntar uma coisa.

Primavera | As 4 Estações [Livro I]Where stories live. Discover now