Capítulo 11

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Depois de contemplar o lindo cenário da cidade, passou a procurar o endereço que estava anotado em um pequeno pedaço de papel em sua mão.

Estaria mentindo para si mesma se dissesse que não estava receosa por aquele momento. Chegando ao lugar correto, tocou a campainha.

Um toque.

Dois toques.

Três, e a porta se abriu.

Achou que estivesse preparada para encarar toda a verdade, mas a que saiu por aquela porta foi um baque muito forte para que seu coração amargurado pudesse aguentar.

Daquele velho apartamento com paredes pintadas de cor de creme e uma porta de um amarelo desbotado apresentando o número 752, saiu uma pequena garota morena de olhos dourados e cabelos encaracolados.

— Olá! Quem é você? — perguntou a garota.

— Eu... eu sou... ninguém importante. Quem mais mora aqui?

— Minha mãe.

— E, por acaso, qual seria o nome da sua mãe?

— Judith. — Ouvir aquela garotinha dizer o nome daquela mulher lhe causou calafrios.

Sua garganta secou e o choque dessa informação fez com que Janelle travasse completamente. No entanto, os olhos dourados da menina a fizeram lembrar o porquê de estar ali. Então, enfrentando tudo o que a travava, perguntou:

— Ela está?

— Não, mas se for muito importante, pode esperar lá dentro até ela voltar, não vai demorar muito.

— É importante sim, muito importante. Mas... você não tem medo de deixar uma estranha entrar em sua casa?

— Você não é uma estranha. Posso sentir sua energia, é muito familiar pra mim.

— Você... sente?

— Sim, é estranho, é como se eu pudesse tocar — a criança disse, fazendo gestos com os dedos.

— Quantos anos você tem? — A essa altura, Janelle já havia substituído seu sentimento de choque por curiosidade.

— Seis, mas vou fazer sete bem loguinho, é o que minha sempre fala.

A reposta da menina fez com que Janelle entrasse dentro de si mesma e voltasse sete anos no tempo. Exatamente quando tudo aconteceu.

Rajadas de vento sopravam seu rosto, e todos os móveis da casa estavam no ar. Seu pai lutava contra o inimigo que levou caos e destruição à casa em que vivera durante toda a sua vida. Sentia-se aflita, a dor a corroía, sua mãe encontrava-se desacordada em um canto da sala, enquanto todos os móveis flutuavam e giravam, tornando o cenário ainda mais assustador. O ser causador de tudo aquilo sorria ameaçadoramente, fazendo o medo da pequena Janelle triplicar. Todo o poder que seu pai investia contra ele era inútil, o fogo era inútil. Mas, mesmo assim, ela ergueu as mãos na direção do homem maligno na intenção de incendiá-lo, porém ele continuou firme e ela sentiu-se ainda mais fraca. No fim daquela noite, um redemoinho enorme varreu a casa e sugou todo o ar que ainda restava do pai de Janelle.

Depois daquele dia, perdeu as pessoas que mais amava: seu pai havia morrido e sua mãe a abandonara.

Hey! — a garota chamou, chacoalhando-a. — Você tá bem?

— Ah! Sim... sim, estou bem, é claro — respondeu Janelle, voltando a si.

— Não foi o que pareceu.

— Qual é o seu nome?

— Jullie.

— Jullie, você sabe sobre a origem de sua família?

Primavera | As 4 Estações [Livro I]Where stories live. Discover now