Parte XXX

905 92 13
                                    

Últimos capítulos...

Bianca

Desde que nos separamos do lado de fora eu senti algo pesando em meu peito. Não sabia do que se tratava ou como explicar, mas havia um frio constante recorrendo minha espinha e não era devido a abertura do vestido em minhas costas.

Nunca fui uma dessas pessoas que acreditavam em sentidos, entretanto, tomada pela vulnerabilidade de amar pela primeira vez me dei a liberdade de me deixar desconfiar, ainda mais quando a própria Rafaella começou a agir de forma esquisita enquanto tudo o que eu queria era estar longe daqui contrariando uma das regras do meu pai de não ser indelicada com os convidados que não dava a mínima, ainda mais quando alguns se tratavam de Petrix, Filipe, Guilherme, Lucas e Hadson que não demorariam a chegar pelo brilhante convite de Gizelly que aliás também parecia igualmente estranha ao colocar em minha direção funções que sequer precisavam da minha atenção quando o que desejava era sentar a mesa com Rafaella e pressionar-lhe até saber o que diabos estava acontecendo antes de começar a brigar no evento e terminar na cama, aliás, por falar nessa superfície plana eu não conseguia não pensar inúmeras vezes em deita-la sobre a minha para que matasse a saudade de cada espaço seu, para que a reconhecesse com a minha língua recorrendo cada espaço da sua pele suave até que me implorasse por um alívio que eu custaria dar por pura maldade, só para que brigasse comigo e ficasse ainda mais molhada em decorrência disso, para só então eu adentrar seu interior provando com os meus lábios tudo o que era meu e que eu me lembrava bem. Na verdade, eu não pensava dizer, mas nesses dias eu me pegava na metade das noites que conseguia pregar os olhos relembrando seu corpo no meu de tal forma que foi inevitável não chegar nessa decisão que mudava tudo.

Sorri sozinha olhando o salão, não, eu não costumava ser positiva sobre quase nada na minha vida, entretanto, suas palavras de que encontrariamos a maneira juntas não sairam da minha cabeça até que eu disesse que não fazia o menor sentido querer me afastar. Eramos duas mulheres unidas por algo forte e que não conseguíamos mais deter, portanto, por bem ou por mal não havia como buscar qualquer coisa que não fosse juntas.

Olhei em volta do lugar buscando a mulher que habitava meus pensamentos a localizando em seguida olhando em minha direção como eu estive olhando na dela por toda a noite.

Soprei um beijinho idiota na sua direção sem conseguir frear o carinho, como vinha acontecendo desde o fatídico episódio do escritório que começou de fato toda essa confusão da qual eu não poderia me arrepender, pois o fato era que foi naquele espaço que me dei conta de que o que eu sentia era mais forte até que minha capacidade de querer ser sozinha como sempre estive.

Eu me abri para ser parte de um casal entre duas mulheres que se amavam de forma que me tinha quase tão feliz quanto ela parecia, pois Rafaella, mesmo no auge de sua raiva de mim, nunca me pareceu o tipo de pessoa que não gostasse de pegar na mão ou acariciar sem motivo era, na verdade, a pessoa mais carinhosa de nós duas diria com tranquilidade.

Em resposta a minha ação tudo o que recebi foi um olhar que se apressou para desviar do meu rapidamente o que me motivou a conferir terminantemente cada coisa que me disse me dando conta de que em algum momento me disse algo que não correspondia aos fatos quem sabe tentando ocultar alguma coisa na qual assim como Gizelly, porque se algo era certo era que aquela mulher andava mais irritante do que o normal.

- ...Mas você não acha que é muito cedo? - Indagou Gi me surpreendendo. Não era ela que tanto tentou nos unir?

- Gi se sua preocupação com esse assunto é que nos casamemos amanhã porque estamos de bem a resposta é não. Eu a amo, mas ainda é muito cedo para esse passo. Eu sequer namorei na minha vida e não sei se vou acabar casando logo com a primeira namorada. E aliás, Rafa nem é minha namorada - Mas a ideia não parecia nada desagradável.

- Mas você vai pedir, não vai? Tem que ser lindo. Você tem que fazer um jantar e... - Começou a falar e falar, mas em dado momento eu simplesmente parei de ouvir ainda parada diante de sua reação ao meu olhar.

- Velas parece ótimo. Falamos disso depois - Não dei a ela a atenção que estava visivelmente ainda tentando obter ao não parar de falar. Meu único objetivo diante disso e de tudo naquele minuto era chegar a mesa de Rafaella independente de um Raúl que parecia querer me prender ali com suas palavras, sendo derrotado quando o ultrapassei sem delongas para chegar a mesa da loira apenas para que recebesse mais uma amarga dose de um comportamento que não alcancei entender de forma alguma.

Na verdade, a tentativa de falar com ela sobre a maneira como passou a agir assim que entramos apenas me deixou ainda mais confusa do que estava, afinal Rafaella parecia além de nervosa arisca de uma maneira que não correspondia a pessoa que eu conhecia, ainda mais quando eu me esforçara por ser doce.

E se não havia me perdoado como eu imaginei? E se interpretei cada beijo de maneira equivocada? Eram das perguntas e mais perguntas que eu me fazia ao dar-lhe o maldito espaço que me pediu quando disse palavras que pareciam ter sido plantadas em seus lábios antes que saíssem com verdade, porque aquela não poderia ser, sua maneira de falar não poderia ser parte da realidade dos seus pensamentos em relação a mim, eu não estava enganada, não poderia.

Mas se algo permanecia vivo dentro de mim negando qualquer desvio de conduta se esvaiu no segundo em que os meus cinco tios a rodearam e, ao invés de expulsa-los apenas se levantou da sua mesa.

Essa era a hora que agiria com normalidade - Afirmei em minha mente para o meu próprio engano, do contrário, acabei por assistir como sentava na mesa deles depois desse ato os levando de volta ali com algumas conversas que começaram a ser trocadas.

Como estava se comunicando? Pensei em ir até ela outra vez, mas meus passos se detiveram quando seus olhos passaram pelos meus e sua boca sibilou algumas palavras: Confie em mim, fora o que disse, e mesmo diante daquele mar de confusão a qual estava inserida desde algumas horas eu me permiti respirar mais devagar.

Não importava o que eu visse ou escutasse ainda que saísse de seus lábios, eu confiaria em Rafaella, eu confiaria que defenderia o nosso mesmo sabendo que me custava muito confiar nas pessoas, sendo apenas ela e Raúl as quais eu havia dado esse privilégio em toda uma vida.

Por falar na italiana eu acabei por naquele segundo perceber sua ausência, parando Manu a meio caminho perguntando se havia visto o meu amigo.

- Acho que tinha algo por resolver com urgência, pois o vi sair com toda pressa para a direção dos depósitos - Mas tão estranho quanto alguém ir buscar guardanapos que não existiam e se sentar para comer com os inimigos era sair para resolver algo em um depósito de materiais.

- Se aquela ventinho estiver transando com uma mulher no meu depósito... - Disse entre dentes levantando a barra do meu vestido preparada para dizer com ela meu extenso vocabulário de xingamentos e palavrões muito bem aperfeiçoados com o tempo.

Porque ninguém estaria transando com ninguém nas dependências do meu bistrô que não fosse eu e a mulher de fases comendo petit gateou com meus algozes.

Porque tudo parecia tão fora de lugar? O que cada um deles ocultava? Será que ocultavam juntos? Eu não sabia, mas tinha por certo que se não poderia perguntar a ela que me pediu um espaço certamente faria com Raúl com a ameaça de cortar seu pau fora se não me aparecesse para me esclarecer.

Para sua sorte, assim que toquei a porta aberta do balcão o encontrei falando num perfeito francês e ainda bem vestido como o vira o que, ao julgar por seu histórico, era até surpreendente. No entanto, nem um pouco mais do que quando finalmente entendi a razão das duas estarem estranhas, a razão que as manteve unidas naquele mesmo comportamento, uma razão dita no francês mais desajeitado que ouvira em anos apesar da voz melodiosa ressoando no espaço até pousar nos meus ouvidos.

Sim, eu tenho provas de que roubaram Marcos por anos. Entretanto, não pretendo denuncia-los, pois agora que tenho uma garantia para me separar de Bianca sem sair disso sem nada posso me juntar a vocês ao invés de entrega-los...

Deliciosamente proibido  -  Versão RabiaWhere stories live. Discover now