Parte V

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Rafaella

No momento em que saí do carro de Bianca, há três noites atrás, soube que ia ficar doente.

Não teve como, tomei chá de gengibre com limão, masquei o gengibre, mas no fim acabei colocando tudo para fora com a garaganta tão irritada quanto eu própria.

- Merda - Eu bradei batendo o portão do prédio ao sair para trabalhar naquela quarta que ainda resguardava um clima frio que parecia não pretender me dar uma única folga...

Brisa maléfica... Deveria chama-la de Bianca?

E por falar naquela diaba, como o vírus que se metia em minhas defesas ela tomava a força seu lugar entre meus pensamentos, mesmo que não fizesse mais que me destratar 90% das vezes que conversamos.

E os outros 10%? Atribuía ao único momento agradável que tivemos juntas, o que acabou na discussão que culminou na maldita gripe.

Num reflexo, ou pela menção, espirrei várias vezes seguidas antes de colocar meu capacete, ligar a moto e seguir para o trabalho onde eu tinha vontade de começar a inovar.

Uma das coisas mais importantes que aprendi na vida era que não importava o quanto fosse irritar alguém, deve-se ir a um lugar com toda vontade de fazer a diferença por quem é, se não for assim que não vá, e não fui a sua cozinha para ganhar um emprego com um éclair de caipirinha e depois não revolucionar em mais nada, me tornando uma Chef comum, pelo contrário, eu havia feito uma propaganda que me alçava a altas expectativas e não decepcionaria, não a mim.

E minha idéia era tentar com um doce novo: O Tiramsù. Só haviam dois problemas: Minha So-chef não tinha idéia do que era isso e o cardápio não era alterado há anos, o que significava que para conseguir isso eu teria que passar por uma longa briga com Bianca Andrade.

- Quem tem medo de briga não frequenta o jardim de infância - Disse a mim mesma assim que parei a moto na vaga de sempre, retirando meu capacete em seguida e entrando na cozinha para encontrar Manu que dessa vez chegou cedinho.

- Isso tudo é medo de que a diaba volte a te repreender? - Perguntei batendo nela com um pano de pratos enrolado e ela não conseguiu conter a risada.

- Não posso me dar o luxo de ter ela prestando atenção em mim, preciso manter esse emprego o mais seguro possível, afinal não sou sozinha né? - Javier havia me contato: Era casada e tinha uma filha pequena a caminho, então sem muito mais entendi de imediato seu desespero por não ser sequer notada, embora isso arruinasse um pouco minhas pretensões.

- Você parece decepcionada, e sinto por isso, mas eu tenho 27 e não fui da época dos rebeldes que não seguem os demais, eu queria e quero, mas a única coisa que tive e tenho demais são responsabilidades - Explicou, e me esforcei ao máximo para não voltar a transparecer a minha chateação por não poder mais falar mal de Bianca com ela aqui pelo incômodo que as risadas causavam na excelentíssima.

Irritada já sem sequer vê-la me encaminhei para um dos banheiros e  coloquei o uniforme voltando logo depois para iniciar funções, totalmente pronta para descarregar meu estresse numa massa, não tivesse ele sido diluído na surpreendente presença da própria Bianca que passara linda como sempre pelas portas de alumínio.

Com um vestido rosa pálido abraçado as suas curvas suaves, principalmente na cintura fina que eu muito facilmente encaixaria minha mão.

Quando ela passou ao meu lado não pude mais que me encurvar diretamente para olhar como o tecido marcava seu bumbum redondo e cheio que levava minha mente a níveis extremos de criticidade.

Como seria te-lo em minhas mãos  enquanto a castigava com minha língua faminta...

As poucas visões vívidas fizeram meu humor e o fato de serem com minha chefe me irritaram novamente.

Deliciosamente proibido  -  Versão RabiaWhere stories live. Discover now