Parte II

1.4K 137 76
                                    

Bianca

Rafaella Kalimann.

Cabelos castanhos.

Alta.

Olhos de esmeralda.

Me tirou o fôlego desde o segundo que cruzou as portas de alumínio da minha cozinha e se sentiu capaz de me retrucar como só meu pai havia feito um dia.

E desde ali ela se instalou nos meus pensamentos como um vírus poderoso que eu era incapaz de matar, mesmo após um fim de semana inteiro e algumas taças de vinho depois.

- Melhor maneirar um pouquinho - Pediu Gi, minha melhor amiga, tirando a quinta taça da minha mão, porque não sabíamos quem eu era depois dela.

Na primeira eu ficava alegre, na segunda eu ficava falante, na terceira eu ficava agressiva, então já emendava na quarta porque eu ficava safada, não com ele, mas que não passasse uma mulher interessada por mim que eu ia fácil, fácil...

Nunca passei dela.

Mas hoje eu sentia vontade de virar uma garrafa inteira de frustração.

Quando foi que deixei uma mulher chegar tão facilmente a minha cabeça antes que a minha cama?

E talvez fosse essa a razão...

- Ela só não sai da minha cabeça porque não levei-a para cama - Ou para o beco, ou para o sofá, sacada, motel...

Não que eu tenha pensado muito sobre lugares onde eu poderia ter sexo com ela em várias posições: De quatro, missioneiro, sentada, de lado...

Eu estava enlouquecendo!

Teria sido mais simples se ela não tivesse sido contratada, e eu o teria feito, se pudesse contrariar meu tino para os negócios herdado por três gerações exitosas de administradores do ramo da confeitaria, por mais que meus tios inssistissem que isso não nascia com uma mulher e inssistissem em se meter em minhas decisões a todo momento.

As vezes eu desconfiava que tudo não passava de uma tentativa de me boicotar para ficar com a filial do Brasil sob seu domínio, mas não me deixava acreditar que tanto me subestimavam a ponto de pensar que um dia eu daria motivos para que tomassem o que herdei do meu pai.

O próprio Marcos havia me ensinado a ser dura, não seriam eles a quebrar isso com sua inveja e machismo.

Nada poderia me abalar, exceto Rafaella Kalimann.

Cabelos castanhos.

Alta.

Olhos de esmeralda.

- Ela quem? - Indagou Gizelly de repente mais interessado que nunca naquela noite de domingo.

Normalmente quando o assunto partia para minha vida amorosa ela ficava extremamente interessada, como se cada detalhe fosse importante.

Eu a raiz da curiosidade não tinha só a ver com o fato de que Bicalho era uma grande fofoqueira, mas porque no fundo quase morria pela abertura que eu ofertava já eu nunca me abria sobre minha vida pessoal, mesmo com minha única amiga, pois fazia parte do processo de ser uma mulher inabalável.

"Jamais demonstre vulnerabilidade a ninguém Bia, se for forte você detém a arma, se for fraca a entrega na mão do inimigo"

Dizia Marcos todas as noites desde que eu me entendia por gente ao invés de contar-me histórias de princesa. Por muito tempo o odiei por isso, mas só até perceber que o mundo não era um conto de fadas, então o dei razão, embora um pouco tarde demais, eu diria.

Deliciosamente proibido  -  Versão RabiaWhere stories live. Discover now