Parte IX

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Rafaella

Eu vi nos seus malditos olhos de inferno que me desejava igual ou mais que eu o fazia de volta, mas mesmo com isso, fez questão de ignorar minhas duas investidas.

Não precisava de uma terceira para que eu entendesse. E nem que fosse mais enfática ao dizer a palavra chefe.

Eu realmente havia entendido. Ela era a chefe, eu a funcionária, e não tinha como simplesmente isso dar certo nem que tentassemos.

Não importava o quanto eu sentisse que ou a beijava ou morria, não iríamos nem mesmo falar sobre isso.

E se ela preferia fugir eu seria melhor que isso, não a daria o prazer de me evitar, eu mesma me afastaria e buscaria me livrar de toda e qualquer possibilidade de estar perto, até mesmo chegando a remanejar minha ideia para a So-chef, nada valia minha tranquilidade.

Não vou dizer que não fiquei triste com isso, de alguma forma estranha saber que ela queria, mas se recusava era pior do que pensar que não queria.

Na verdade, nas primeiras duas semanas, tentei dizer que tudo foi ilusão da minha mente e que toca-la como eu toquei só atingiu a mim e eu quase tive êxito, não fosse o quase.

- Maldita Bianca! - Bradei para o céu bem cedo da manhã e por desviar da rua sequer me dei conta de que trombei com um corpo magro que me levou ao chão.

- Me desculpe eu... - Uma voz calma invadiu meus tímpanos, não era impositiva ou firme, mas me agradou como música.

- A culpa foi minha - Falei recebendo uma mão que me levantou me projetando até perto do seu corpo e eu sorri encabulada, ainda mais quando me dei conta de que era um rosto conhecido.

- Eu conheço você... - Esclareci lembrando daquele beco. Péssima hora...

- Bistrô. Farinhas - Não era bem por aí, mas era uma boa descrição Te conheço também, trabalha aqui, não é? - Estávamos de frente a ele praticamente.

- Eu sou a chef. Nos esbarramos algumas vezes. Então não, não é a primeira vez que isso acontece, só é a que eu caio - Esclareci a fazendo sorrir, seu sorriso era bem bonito e contagiante, eu ri junto.

- Eu deveria ter reparado melhor em você e não só para não derruba-la, mas porque seu sorriso é encantador - Acabei ficando vermelha com seu elogio e não soube mais o que falar, então antes que disesse besteira acabei me oferecendo para ajudar com o carregamento da semana.

E foi assim na seguinte também que foi quando ela pediu para sair comigo.

Fomos no Strauss, o restaurante de perto do trabalho e como se adivinhando e querendo caçoar de mim ela pediu a maldita sopa de lentilhas.

Quase me afoguei no meu peixe.

E não consegui beija-la no primeiro encontro, nem no segundo, de certa maneira eu acabava lembrando de Bianca.

- E então... Vai me beijar ou eu te beijo? - Perguntou na porta do meu prédio e a puxei pela jaqueta encostando-a nas grades enquanto tomava seus lábios, situação que se estendeu pelo terceiro e quarto encontro até que eu me desse conta de que nunca saí tanto tempo assim com alguém sem namorar.

Será que era o caso?

Quando cometi o erro de perguntar isso a uma pessoa mais experiente como Manu o assunto acabou virando zoeira na boca da cozinha e todos começaram a dar seus conselhos.

- Ela é boa de cama? Se não nem vale a pena! - Isso eu não sabia, não tínhamos chegado ao ponto que ela chegou com Bianca.

- Ela tem boa conversa? - Perguntou outro funcionário e eu tinha que dizer que sim, Marcela era muito inteligente e engraçada, eu realmente a encontrava muito agradável.

Deliciosamente proibido  -  Versão RabiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora