Parte XVI

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Bianca

Eu senti a perna fraguejar e quase desmaiei se não tivesse antes sido auxiliada por Rafaella que me segurou em seus braços.

- É só um prato - Disse virando-se em minha direção para me firmar com mais força parando antes para olhar para minha roupa.

Hoje eu estava especialmente bem vestida. Era o vigésimo aniversário do bistrô e eu tinha que estar deslumbrante.

Eram duas décadas de sucesso que muito tinham minha influência, afinal eu fazia parte de cinco anos de muitos êxitos.

Ironicamente, era o tempo exato que as estáticas apontavam que levavam para a quebra de uma empresa, ou seja, a maioria delas ia a falência antes de completar os primeiros cinco anos, o que poderia estar acontecendo comigo.

- É só um prato? Quão cínica você é para virar na minha direção e dizer uma coisa dessas? - Perguntei dividindo meu peso entre os pés e tentando recuperar a compostura.

A obra da vida do meu pai, vários anos de dedicação, tudo estava a uma garfada de ser arruinado porque a minha maldita chefe achava que era uma droga de "Só um prato".

Revirei os olhos e aguentei a vontade de gritar quando saí dos seus braços.

- Você está sendo injusta. O que eu estou tentando te dizer é que eu sei que fiz o certo e que não precisa se preocupar. Será só um prato porque a pessoa que o está degustando não fará mal a você. Eu nunca permitiria - Declarou buscando minha mão mas afastei de seu encontro. Me sentia enganada demais para retribuir.

- Você não pode ser a dor e o remédio Rafaella. Ou você faz o que eu peço como chefe ou está me traindo - Porque se agora estava tudo por um tris era sua culpa e não poderia me garantir que daria tudo certo quando nos colocou dentro da possibilidade de dar errado.

Eu disse que fizéssemos o seguro. Eu sei que meu pai teria recriminado isso. Foi em nome dele que permiti que o prato fosse servido, mas não ao crítico e não adulterado.

Licor por Cachaça? Levei as mãos aos cabelos e quase os arranquei.

- Eu nunca trairia você. Apenas estou te salvando de uma má escolha guiada por uma autopreservação desnecessária - Falou com tamanha calma que só me fez querer arrancar cada fio dos seus cabelos com uma pinça.

- Eu não preciso que me salve. Eu sempre estive sozinha e sempre fiz isso muito bem - Eu estive sozinha quando minha mãe se foi e meu pai se afundou em trabalho, eu estive sozinha, quando meu pai morreu e meus tios tentaram meter o garfo na minha herança também estive. E eu havia sobrevivido.

- Agora você não está... - A interrompi com uma risadinha sarcástica.

- Sozinha? Engraçado... Partindo do pressuposto de que você não poderia ter feito tudo sem que ninguém soubesse na cozinha eu não fui traída só por você. Então sim, é exatamente como me sinto - Esclaresci exasperada.

- Bia... - Tentou interromper as palavras que eu estava dizendo num momento que estava ferida e revoltada, mas me neguei a calar.

- Sim. Esse é meu nome e espero que o guarde bem na sua mente porque se aquela droga que colocou na mesa do Ego desprestigiar meu bistrô internacionalmente é tudo o que terá de mim. Lembranças... - Decretei tentando reter as palavras pouco depois que saíram, mas não conseguindo por como a raiva me dominava.

- Está acabando tudo? - Questinou incrédula e eu abri e fechei a boca várias vezes antes de falar.

- Tudo o que há de sólido entre nós é uma relação de emprego - Disse e mordi os lábios em seguida, me arrependendo no ato assim que vi a dor em seus olhos.

Deliciosamente proibido  -  Versão RabiaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon