Capítulo 4

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Elise

Meu pai ficou fazendo cafuné e contando histórias com minha mãe, até minha madrasta chamar para o café. Sentamos e comi metade de um pão com suco.

- Come seu cereal meu amor, quando terminar te dou um pouco de suco - Digo ajudando a Maria com a colher.

Terminamos o café e meu pai foi lavar a louça, enquanto minha madrasta foi me ajudar no quarto da minha mãe.

- Estou aqui com você, certo? - Minha madrasta diz me abraçando antes de entrarmos no quarto.

Entramos e tudo cheirava a ela e lembrava a ela, segurei o choro, sentei na cama e fiquei olhando aquele cômodo.

Minha madrasta me ajudou a separar tudo, eu chorei, chorei, ela me abraçou, me acalmou e me ajudou.
Quando terminamos, pedimos comida e sentamos, eu, ela e meu pai pra comer, Maria havia dormido, deixei ela dormir pra depois almoçar.

- Estou pensando em mudar, essa casa me lembra muito a ela, isso é bom por um lado, mas por outro, eu não consigo ficar aqui sem ela - Digo

- Quer mudar como? Outra casa? Outra cidade? Outro país? - Meu pai pergunta

- Outra casa pai - Digo

- Você devia vim morar conosco - Ele diz e Vivi, minha madrasta, concorda

- Não, agradeço o convite, mas tem a Maria, ela tem a escolinha aqui, eu também tenho a faculdade, meu trabalho, quer dizer, se é que ainda tenho trabalho - Digo dando um sorriso fraco

- O convite continuará de pé, pra sempre - Vivi diz

- Obrigada, obrigada por virem, se não fosse vocês, com certeza eu não ia ter tanta força assim - Digo segurando na mão dos dois

- Lili, a mamãe já chegou? - Maria pergunta saindo do quarto descabelada

- A mamãe não vem mais Maria, já conversamos sobre isso, ela está com o papai do céu agora - Digo carregando ela e colocando ela sentada em meu colo

- E quem vai ser minha mamãe agora? - Ela pergunta e olho pra meu pai e pra minha madrasta, que me olhavam com um sorriso fraco no rosto

- Eu Maria, eu vou ser sua mãe agora, eu vou cuidar de você - Digo

- Então você vai ser minha mãe Lili? - Ela pergunta

- Sim - Digo beijando o cabelo dela - Vamos almoçar? Você deve está com fome já - Digo alisando a barriguinha dela.

Ajudei Maria a almoçar e em seguida fui lavar os pratos.
Passamos a tarde assistindo filmes, por um momento, esqueci todo esse furacão e ri de algumas bobagens nos filmes.

A noite, quando todo mundo dormiu, deitei ao lado da Maria e fiquei fazendo carinho nela.

- Eu estou aqui, tá meu amor? Não vou te abandonar - Digo enquanto fazia carinho nela e chorava - Aí mãe, queria tanto que estivesse aqui, eu não sei o que vou fazer mãe, tenho medo de não ser tão boa pra ela mãe, tenho medo de não conseguir fazer o que você fez por nós duas - Digo baixinho enquanto chorava e olhava Maria.

Chorei tanto, que dormir.
Acordei com Maria agarrada em mim, ela parecia um anjinho dormindo, beijei a testa dela e levantei com cuidado.
Fui tomar um banho e assim que terminei, a campainha tocou e fui atender.

- Lili, viemos te visitar, te ajudar com as coisas da sua mãe, queremos ficar com algumas coisas - Minha tia Fa diz

- Tia, agradeço, mas não preciso mais de ajuda - Digo

- Já arrumou tudo? E as joias dela? Você vai ficar? Ou quer me dá? - Ela pergunta

- Eu quero umas roupas dela pra mim - Tia Eva diz

- E eu uns lençóis, minha casa está sem - Tia Lu diz

- Gente, eu não vou da nada da minha mãe a vocês, ok? Enquanto ela esteve viva, vocês mal procuraram a gente, sempre foi a gente que procurou vocês, então não sai um pedaço de papel da minha mãe, dessa casa, pra vocês! Agora me deem licença, preciso cuidar da minha vida - Digo fechando o portão, não me importando se foi na cara delas ou não.

Corações feridos Where stories live. Discover now