Capítulo 84

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Elisa

Sabe aquela sensação as vezes quando você está dormindo e do nada sente que você está caindo de um penhasco? É o que eu sinto agora.

Eu entrei no ônibus tão desesperada, que nem sequer dei boa tarde direito ao motorista, sentei no fundo do ônibus, o que não era costume, e desabei em choro.

Lembro que a primeira vez em que chorei por um relacionamento, foi com o meu primeiro namorado, eu era apaixonada por aquele menino, estudávamos juntos no ensino médio, começamos a namorar dois meses depois de nos conheceremos, ele foi meu primeiro amor, meu primeiro em tudo, éramos um casal "perfeito" ao vê dos outros. Mas dizem que a gente sabe quando o brilho acaba, e foi isso que aconteceu, com o tempo brigávamos, nossas conversas eram brigas e trocas de ofensas, até que ele me traiu, na época, eu achava que era a pior dor que eu já havia sentido.

Depois do "meu primeiro amor", vieram mais dois amores, e todos deixam uma cicatriz no meu coração, se não era traição, era ofensas, palavras que me diminuíam, o que me fez tomar a decisão de não querer mais ninguém, até aparecer Gustavo, mas agora, eu não sei realmente se fiz certo de deixar meu coração aberto pra ele, não sei se foi o certo amá-lo, não sei se foi certo desejá-lo na minha vida, eu não sei mais de nada, só sei o quanto estou machucada.

Graças a Deus o ônibus estava vazio, quando estava próximo ao meu ponto, tentei o máximo limpar o rosto, não queria que Maria soubesse que eu não estava bem.
Desci do ônibus e caminhei até a escola de Maria, o tempo todo mordendo o lábio tentando não chorar, tentando não gritar na tentativa de colocar essa dor que me aflige pra fora.

Quando Maria me viu, soltou na mesma hora a mão da professora e correu para me abraçar, um abraço tão forte, o que não era costume.

- Estava com saudade mamãe - Ela diz e dou um beijo no cabelo dela enquanto abraçava ela

- Eu também, como você está? - Pergunto pegando a mochila dela com a professora e agradecendo a mesma

- Bem e a senhora? Porque estava chorando? - Ela pergunta

- Nada, só estou um pouco cansada e isso me deixou triste, mas me conta, como foi na escolinha? - Pergunto

- Briguei de massinha, comi, aprendi letrinhas - Ela diz

- Olha que legal - Digo

- A Juju disse que vai amanhã no meu aniversário, a Bia bem né mãe? - Ela pergunta e imediatamente lembro do Gustavo, o que faz um bolo se formar em minha garganta

- Espero que sim - Digo dando um sorriso fraco pra ela.

Quando chegamos em casa, dei um banho em Maria e fiz um lanche pra ela.

- Não vai comer mamãe? - Maria pergunta

- Não meu amor, eu estou sem fome, vou tomar um banho rápido, a TV já está ligada, quando terminar de comer pode ir assistir - Digo

- Tem certeza mamãe? Está tão bom o sanduíche - Ela diz

- Eu estou realmente sem fome, vou tomar um banho - Digo dando um beijo na cabeça dela.

Entrei no banheiro e o nó que estava na minha garganta se desfez, desabei em choro, era impossível parar.
Quando sai do banheiro, meu rosto estava inchado, eu sabia que Maria iria reparar, mas por ironia do destino, Maria estava dormindo no sofá, com o controle na mão, agradeci a Deus por isso, não quero que ela me veja chorando e se preocupe.

Coloquei um cobertor em Maria, ajeitei ela no sofá e fui pegar as coisas do aniversário dela, foi quando ouvi a campainha e fui abrir a porta.

- Cheguei - Livia diz entrando com uma caixa gigante na mão, uma mochila e uma bolsa

Corações feridos Where stories live. Discover now