8.

62 27 51
                                    

Assim que acabo o meu turno, o meu primeiro instinto é ligar para Paul. O seu telefone chama, o que me diz que está ligado. Também me diz que provavelmente me está a ignorar. Assim que o voicemail faz beep eu respiro fundo antes de começar a falar.

"Onde é que te meteste? Estás a deixar-me preocupada Paul. Liga-me de volta, por favor." Digo. Assim que desligo o telemóvel, um suspiro sai da minha boca, um que eu não sabia que guardava. A minha vida tem andado de cabeça para baixo e eu, sinceramente, não sei o que fazer para que tudo volte ao normal. Bem, nunca vai voltar ao normal, mas, pelo menos, melhor que isto. Pessoas que eu pensava conhecer como a palma da minha mão não são quem eu pensava, pessoas que eu prometi a mim própria não me relacionar com são, neste momento, as pessoas centrais na minha vida. Está tudo uma confusão.

 Assim que o ar frio bate contra o meu corpo, ao sair do museu, vejo uma figura familiar, no outro lado da estrada, a fumar um cigarro. Os seus olhos não deixam os meus assim que os encontrar e eu tento, a todo o custo, quebrar o contacto.

"Espera, Alice!" Levi grita, mas eu finjo que não oiço. O que menos me apetece neste momento é falar com ele. Aliás, nem me apetece estar na sua companhia, não depois do que me fez. "Alice!" Ele chama novamente, desta vez, já perto de mim. Mais uma vez, ignoro-o e, por isso, ele corre para a minha frente, forçando-me a parar. Reviro os olhos e desvio o olhar para um ponto bem longe da sua face. "Podemos falar?" Ele pergunta, uma expressão inocente na sua cara.

"Não." Forço um sorriso e desvio-me para voltar ao meu caminho, que ele pára, mais uma vez. Suspiro pesadamente, visivelmente irritada.

"Por favor." Ele pede e eu, finalmente concordo. Decido então caminhar até um beco onde não passa muita gente. Noutros tempos, teria medo de estar sozinha com uma pessoa que não conheço assim tão bem num beco destes mas, para ser sincera, se Levi me matasse, estaria a fazer-me um favor.

"O que queres?" Digo, ao observar os nossos arredores, para ter a certeza de que ninguém nos ouve.

"Pedir desculpa, mais uma vez." Ele diz e eu reviro os olhos.

"Eu já te disse que não quero ter nada a ver contigo. Chamem-me infantil, chamem-me o que queiserem, mas o que tu fizeste não tem perdão." Cuspo as palavras de uma forma irritada e, durante uns segundos, Levi não diz nada. "Bem me parecia." Viro-lhe as costas para voltar a andar, mas ele agarra no meu pulso, o que me faz parar. Os meus olhos voam até à sua mão e depois em direção aos seus olhos. "Se pensas que é à força que te vou perdoar, estás muito engan-" Ele corta-me.

"Porque é que a mim não me perdoas, mas ao Logan não pensaste duas vezes, hm? Por amor de Deus, até foste viver com ele." Ele solta uma gargalhada sarcastica, enquanto passa uma das suas mão pelo cabelo. 

"Eu acho que essa decisão me cabe a mim." Digo de volta e ele parece cada vez mais agitado.

"Mas não é justo!" O tom da sua voz aumenta consideravelmente e faz eco nos cantos do beco onde nos encontramos. Olho novamente em volta, para ter a certeza que ninguém ouve, especialmente, ninguém que trabalhe comigo.

"E o que fizeste comigo é justo?" Rio sarcasticamente. "Não sei o que raio é que te passa pela cabeça para achares que te tenho que perdoar quando eu sou a vítima!" Empuro o seu peito com força, mas ele mal se move.

"Aí é que está. É que eu não fiz nada de errado. Foi o Logan que planeou tudo e, depois de te conhecer, eu disse-lhe que não o faria." Ele diz, seriamente.

"Então porque é que me levaste para casa da mesma?" Não consigo acreditar numa palavra que ele me está a dizer. Se calhar isto é tudo um plano qualquer deste grupo inteiro contra mim e eu estou a cair que nem um patinho.

DespairWhere stories live. Discover now