14.

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Assim que chegamos a casa, tento ajudar Logan a caminhar para a cama o melhor que posso, mas tenho algumas dificuldades, sendo que, ao pé dele, sou uma fraca figura. Abro os lençóis da sua cama e ele senta-se, ficando nessa posição durante uns momentos.

"Queres que te traga alguma coisa?" Pergunto ao ajeitar a sua almofada, antes de ele se deitar.

"Estou bem, obrigado." Ele diz, com um pequeno sorriso nos lábios. Seria de esperar que a sua expressão estivesse carrancuda, pelo que se passou, mas ele está razoavelmente bem.

"Se precisares de mim, chama." Retribuo o seu sorriso e dirijo-me para a porta, mas ele agarra no meu pulso levemente, fazendo-me olhar para trás.

"Podes, hm... ficar aqui?" Ele pergunta, um pouco incerto. Na verdade, mesmo depois do que já se passou entre nós, nunca dormi na mesma cama que Logan. Não sei como me sinto em relação a isso, mas decido ficar. Neste momento, ele precisa de mim ou pelo menos de alguma companhia.

"Claro." Sorrio levemente e sento-me ao seu lado, por cima dos lençóis.

"Podes deitar-te." Ele diz, rindo um pouco, o que lhe provoca algumas dores no raspão que levou da bala. Sinto-me um pouco nervosa por entrar na cama com Logan, acho que é algo tão íntimo e, mesmo tendo uma conexão psicológica enorme com ele, a nossa conexão física ficou por uns beijos e sexo no sofá, nada mais. Sinto-me como uma adolescente que está finalmente a ter a atenção do rapaz que gosta e deteste este sentimento, estou demasiado vulnerável. Acabo por assentir e afasto os lençóis quentes para me pôr no meio deles. Assim que o faço, a mão de Logan voa para a minha coxa, apertando-a levemente. O meu corpo estremece ligeiramente e ele solta uma leve gargalhada.

"Não precisas de te assustar." Logan vira-se um pouco na cama para me observar e coloca a mão à volta da minha cintura, aconchegando-se a mim.

"Sabes que não vais conseguir fazer nessa nesse estado, não sabes?" Digo com um sorriso nos lábios e ele revira os olhos, na brincadeira. 

"Dá-me uns dias então." Pisca-me o olho e pára por uns segundos. Passa a sua mão levemente na minha cara e eu fecho os olhos enquanto ele o faz, para aproveitar o momento. "Obrigada por teres ido comigo hoje." Logan diz, enquanto coloca uma madeixa do meu cabelo atrás da minha orelha. 

"Não precisas de agradecer. Algo me diz que não tens muitos amigos que o fizessem por ti." Ele solta uma pequena gargalhada e eu encolho os ombros.

"Então foi só por pena que foste comigo?" Ele provoca-me e eu assinto, enquanto mordo o meu lábio inferior, para tentar manter uma expressão séria. Ele sabe tão bem quanto eu que não foi por pena. Foi por motivos muito maiores que eu e do que eu estou disposta a admitir. O seu olhar penetra no meu, enquanto ele aproxima a sua face da minha e acaricia a minha bochecha. "Eu não sou má pessoa." Logan sussura perto da minha cara e, mais uma vez, fecho os olhos. O meu corpo parece não conseguir reagir ao seu toque, o que me incomoda ligeiramente. Deixo-me ficar quieta enquanto ele passeia as mãos pela minha face e pescoço e observo os seus movimentos.

"Eu sei." Digo de volta, a minha voz quase sem sair. Clareio a voz um pouco, para que as minhas próximas palavras se oiçam como deve ser. "Se fosses, eu tinha-me ido embora no momento em que entraste em casa do Levi. Mas não fui." Sorrio levemente e Logan retribui e quebra, finalmente, o contacto visual comigo, para olhar para as suas mãos.

"Tu realmente és fora deste mundo." Ele ri-se um pouco, brincando com os anéis que estão nos seus dedos grossos. "Eu vou simplesmente dizê-lo, está bem?" Ele olha novamente para mim e eu observo-o, com um ar confuso.

"Dizer o quê?" Levanto o sobrolho às suas palavras.

"Tu és especial, Alice. Eu gosto de ti de uma maneira tão diferente. Eu gosto realmente da tua companhia e tens estado aqui para mim na altura mais confusa da minha vida." Ele faz uma pequena pausa, antes de continuar. "E és tão linda." Ele aproxima um pouco mais os nossos corpos, enviando um arrepio pelo meu corpo. Demoro uns segundos a processar tudo o que Logan me acaba de dizer. Não é que eu não sinta nada por ele, porque sinto, definitivamente. Mas somos mesmo certos um para o outro? Em que mundo é que a nossa relação iria funcionar? Ambos temos tanto a passar-se nas nossas vidas, talvez seja errado preocuparmos-nos com o que quer que seja que se passa entre nós. Ou talvez seja mais fácil, segundo o meu subconsciente. 

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