Abro os meus olhos lentamente e tudo à minha volta é turvo. A única coisa que consigo distinguir é a expressão preocupada de Lauren. Ela caminha até mim rapidamente e agarra na minha mão, levando-a ao peito.
"Pensava que te tínhamos perdido." A voz dela soa trémula e os seus olhos húmidos. Todas as memórias do tiroteio voltam ao meu pensamento é a última coisa que me lembro é de entrar no carro de Jackson.
"Ainda não foi desta." Rio-me levemente, mas a dor no lado direito do meu abdómen não me dá tréguas e faz-me contorcer.
"Tens que descansar." Lauren diz e passa a sua mão para cima e para baixo no meu braço. Consigo ver o cabelo comprido de Jackson através da pequena janela que me deixa ver o corredor do hospital. Do hospital? Ele trouxe-me mesmo para um hospital? Assim que ele entra no quarto, disparo todas as perguntas que me estão na mente.
"Estás a brincar comigo, Jackson? Trouxeste-me para um hospital! Tu és louco, como é que estás a pensar explicar o que se passou aos médicos, hm?" Quero falar rápido, mas, talvez devido aos medicamentos, as minhas palavras saem mais lentas que o normal. Jackson parece divertido pela situação, porque se ri com vontade da minha figura. "Isto não tem piada nenhuma!" Tento soar o mais ameaçadora possível, mas sem efeito. Bufo em frustração e desvio o meu olhar do seu, como uma criança a quem não se fez a vontade. "Onde está o Paul?" Volto a perguntar e ele abana a cabeça negativamente, divertido.
"Primeiro, isto não é um hospital. Ou melhor, é, mas não um hospital... legal." Ele diz e eu franzo o sobrolho em confusão.
"Então onde é que estamos?" Pergunto.
"Fora da cidade. Tentei trazer-te o mais rápido possível, felizmente chegámos a tempo. Perdeste bastante sangue, Alice." Ele olha-me nos olhos e suspira. "O Paul está bem, está noutro quarto, apenas para o Mac ter a certeza que está tudo bem com ele.
"Quem é o Mac?" Quase que não o deixo acabar de falar e ele sorri levemente enquanto Lauren se abraça a um dos seus braços.
"O médico." Ele diz e eu assinto. Podia jurar que estava num hospital profissional, tudo à minha volta se parece com um. As camas, as cortinas, até a pequena televisão que passa um programa de tarde aleatório. A minha mente viaja para uma altura normal da minha vida, em que apenas me limitava a ir para escola, sair com os meus amigos e voltar para casa. E agora, olhem para mim. Numa cama de um hospital clandestino com um buraco no meu corpo.
"Já falaste com o Log-" Sou interrompida pela porta abrir. De trás dela sai um homem com os seus 40 anos, a barba perfeitamente aparada e um sorriso alinhado.
"Vejo que já estás de volta." Ele solta uma pequena gargalhada e eu tento acompanhá-lo, mas não consigo. Apenas assinto à sua afirmação. "Eu gostaria de falar contigo sobre a tua condição em privado." Mac olha especialmente para Jackson, talvez por ser ele a ponte entre nós os dois, e ele assente, pegando na pequena mão de Lauren, para a puxar para fora da divisão. Assim que eles batem com a porta atrás de si, Mac estende a mão para me cumprimentar. "Chamo-me Mac. Sou médico oficial, mas trabalho clandestinamente, com pessoas na tua situação." Ele responde a algumas perguntas que me tinham surgido e eu oiço com atenção.
"Já conhecias o Jackson?" Pergunto ao apertar a sua mão levemente.
"Já lá vão alguns anos." Ele solta uma pequena gargalhada nostálgica e eu sorrio levemente. "Já todos eles estiveram na mesma situação que tu. Ou pior ainda." Ele diz.
"Conheces o Logan?" Pergunto e ele sorri.
"Sim. Mas neste momento temos que falar sobre ti." O seu sorriso largo de antes toma conta de sua expressão e eu decido não perguntar mais nada. Ele caminha até à cabeceira da maca onde estou deitada e carrega num pequeno botão, para que eu me possa sentar ligeiramente. Contorço-me com dores e ele retira uma embalagem cilíndrica do bolso. "Já está na hora de tomares a medicação novamente. Vai ajudar-te com as dores." Ele diz. Hesito um pouco antes de estender a mão para que me dê os comprimidos. Decido pôr para trás das costas as minhas desconfianças, pior do que estou não posso ficar, de qualquer das formas. Tomo a medicação com um pouco de água que se encontrava na minha mesa de cabeceira e respiro fundo.
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Despair
RomanceJá consigo ouvir as sirenes da polícia. O que vai ser de nós? Alice é uma jovem mulher infeliz, que vive com os seus tios. O seu tio, um criminoso que ninguém consegue apanhar. A sua tia, uma doce mulher, que, por mais que tente, não consegue ver a...