20.

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POV Logan

Assim que abro os olhos, o meu braço voa bruscamente para o outro lado da cama. Um vazio preenche o meu coração, quando finalmente me lembro que Alice não dormiu comigo esta noite. Apesar de termos feito alguns avanços na nossa relação, ela disse-me que queria levar tudo com calma. Não a culpo, eu trouxe isto a mim próprio. Talvez se tivesse sido honesto com ela desde o início estivéssemos juntos num hotel no outro lado do mundo. Ou talvez se eu não tivesse sido egoísta o suficiente para a querer manter ao meu lado, apesar de tudo, está estivesse feliz, com a sua família e eu não me estaria a lamentar por ter passado a noite sozinho. Ou ainda, noutra realidade, se eu nunca tivesse ido àquele bar, naquela noite, vivíamos a nossa vida sem sequer saber da existência um do outro. Agora, nada vai ser o mesmo. Depois dela, eu não vou ser o mesmo.

Grunho em frustração quando oiço o som da campainha ecoar pelo meu apartamento. Decido vestir algo prático e caminho pelo silêncio estranho de casa. Espreito pelo pequeno buraco na porta e vejo a cara familiar de Jackson. Ele tem um sorriso fraco nos lábios, como sempre e eu abro a porta rapidamente, deixando-o entrar. Ele cumprimenta-me com um aperto de mão habitual e passa por mim para ir ao frigorífico, buscar uma cerveja. Como de costume, Jackson já traz duas nas suas mãos e estende-se uma delas.

"Obrigado." Digo apenas e dirijo-me para o sofá, sentando-me de seguida. Isto é apenas um dia normal nas nossas vidas, aliás, um dia que Jackson não venha cá a casa, não é um dia bom. Num mundo ideal, Levi estaria a fazer-nos companhia neste momento e estaríamos a rir-nos de alguma coisa engraçada que nós aconteceu no passado. Mas esta já não é a nossa realidade e tenho que aprender a viver com ela.

Jackson senta-se ao meu lado e tenho a sensação que ele me quer dizer alguma coisa. Apenas o observo enquanto bebo mais um gole da minha cerveja e faço um gesto para que fale.

"Encontrámos uma coisa. Bem, alguém." Ele corrige-se a si próprio e eu franzo o sobrolho em confusão.

"Nós quem?" Pergunto.

"Eu e a Alice." A minha expressão torna-se ainda mais confusa. Nem imaginava que eles se tivessem falado mais do que as poucas vezes em que estivemos todos juntos, quanto mais que andavam a "descobrir coisas". Uma onda leve de ciúmes atravessa-me o corpo e eu quero dizer-lhe para sair. Detesto a maneira como Alice me deixa. É ridículo o poder que ela tem sobre mim, ao ponto de ter ciúmes do meu melhor amigo. Para além disso, não me contou que andavam a fazer o que quer que seja juntos, e isso deixa-me furioso. Se bem que não a posso julgar, durante muito tempo, fui eu quem não lhe contei tudo, só estou a provar do meu próprio veneno. Empurro estes pensamentos para trás e decido ouvir o que Jackson tem para dizer.

"Primeiro vais ter que me jurar que me vais dizer a verdade, mano. Não vamos jogar os joguinhos do Victor um com o outro. Não nós." O seu olhar é sério. Demasiado sério para o meu gosto. Deixo sair um suspiro pesado, preparando-me mentalmente para o que aí vem.

"Okay." Assinto levemente e Jackson aconchega-se no sofá ao meu lado, chegando-se ligeiramente para a frente.

"O Paul. Ele está vivo." Os meus olhos arregalam-se e a minha boca abre-se para eu falar, mas Jackson não me deixa. "Deixa-me acabar." Ele suspira pesadamente e eu assinto. "Ele está vivo e está numa cave quase fora da cidade. Eles têm-no mantido lá este tempo todo." Os seus olhos estão carregados de mágoa e, por momentos, não sei o que dizer. Eu nunca fui muito com a cara de Paul, mas isto não é algo que se faça a alguém. Como é que apareceu mas notícias que o corpo tinha sido identificado se, claramente, não era a mesma pessoa?

"Que filhos da puta." Abano a cabeça negativamente. "Eles devem ter pago a alguém para dizer que era o Paul." Suspiro pesadamente e Jackson assente.

DespairWhere stories live. Discover now