A Ira Pode Ser Mortal

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Lucian estava concentrado demais em conter sua própria transformação, para acompanhar o último pensamento de Kiary, deixando a ameaça escapar de seu conhecimento. Entretanto, ele não pôde deixar de estranhar a facilidade com que ela se rendeu à Lua, e percebeu que algo estava errado, quando a lobisomem de pelos castanhos desapareceu em meio às árvores, com mais pressa do que de costume.

― Agora é minha vez. – Sente o peito doer. – Porcaria de monstro, tome o controle de uma vez e me deixe em paz... Só peço que cuide da nossa garota!

O cherokee encara a Lua com os olhos já na cor negra, deixando-se envolver mais uma vez por sua magia. Seu corpo começa a se expandir, preenchendo o espaço vazio de sua camisa até rasgá-la por completo. As pernas de sua bermuda se descosturam e os pelos crescem por todo o seu corpo, o focinho começa a tomar forma em seu rosto e, em poucos segundos, Lucian estava transformado, sem gritos ou muitas dores, pois ele não tentou contê-lo por muito tempo.

― E aí? Cadê o grito sinistro? – pergunta Nessie, estranhando a calmaria da noite.

― Tenho um mau pressentimento sobre isso – comenta Bella.

Alguns minutos se passam e o grupo de vampiros e quileutes não via sinal de nenhum dos três lobisomens, pois nem mesmo Lucian aparecera atrás de Leah. Talvez ele nem quisesse mais vê-la, depois de tê-lo magoado.

O que você fez? – pergunta Seth curioso, captando o lamento na mente da irmã.

Não é da sua conta, garoto – esbraveja de mal humor.

― Tem alguém vindo – relata Edward – e não vem com as melhores intenções. Se preparem, pois quem quer que seja, quer morte.

As sombras em meio às árvores começam a se mexer, a fera espreitava o grupo com cautela, como se caçasse. Os lobos se colocam em posição de defesa ao redor da família Cullen, tensos com a possível briga, mas, ao mesmo tempo, confiantes, já que estavam em maior número.

Se for a Hana – comenta Seth receoso –, não a machuquem, por favor, deixem que eu a seguro.

A dor nos pensamentos de Seth era nítida, ele realmente esperava que não fosse ela, contudo, tinha medo do que poderia acontecer se fosse. Leah, que mais uma vez estava na ponta do grupo, sente a angústia do irmão e olha para o jovem lobo tentando consolá-lo.

Aquela era a hora perfeita. A hora em que, como numa caça, a presa estava distraída e fácil de ser apanhada. A fera sai das sombras num salto, sua velocidade era assustadora, tão grande que os lobos só tomaram ciência de seu ataque quando o monstro saltou o rio e avançou sobre Leah.

Kiary? – pergunta Jake retoricamente, incrédulo.

Leah rola pelo chão com a trombada que tomara, mas se recupera rapidamente, encarando os olhos desafiadores da lobisomem. Kiary havia transferido sua ira para a fera irracional e agora, ela não pensava em mais nada a não ser se vingar.

― Ela quer matá-la Jake – alerta Edward. – Não é a nós, é Leah que ela quer!

Essa garota vai ver só...

Não, Seth – interrompe Leah com um rosnado –, não quero que ninguém se intrometa, por favor. Jake, peça a Sam e ao resto do bando para ficarem fora disso... Eu e Kiary temos um assunto pendente para resolver.

Você ficará bem? – pergunta o alfa evidentemente preocupado. – Não a aceitarei mais no bando se você perder, então, acho bom você ganhar...

Com certeza, Jake – responde ela, correspondendo à confiança que o amigo lhe passava.

A loba cinzenta não a deixaria vencer, sabia muito bem que estava sendo atacada por ciúmes, mas não abaixaria a cabeça. Mal sabia ela que um Filho da Lua era superior em velocidade e força comparado a um transmorfo, e que, provavelmente, ela não sairia viva daquela luta...

LeahWhere stories live. Discover now