Conversa a Sós

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A chuva aumentou rapidamente naquele dia, fazendo com que todos, exceto os lobos designados para a patrulha, fossem embora e não se encontrassem mais.

Na manhã seguinte, Leah disfarçadamente procura por Lucian, passando "ocasionalmente" pela hospedaria e por alguns lugares da reserva, mas não o encontrando em lugar algum. Chegou a ouvir alguns rumores, de que o visitante estava conhecendo o píer e pedindo um emprego temporário como pescador, mas quando se dirigiu ao local, Lucian já estava no mar e mais uma vez, ela não o encontrou...

Nos três dias que se seguiram, Leah persistiu, percorrendo sempre o mesmo caminho, mas não o encontrando. E, por causa disso, no quarto dia, a loba já estava bastante irritada e decidida a esperar seu retorno. Manhã e tarde se passaram lentamente, mas Leah se recusou a deixar o píer, aguardando que a qualquer momento o barco pesqueiro se aproximasse e atracasse.

Já estava escurecendo quando a chuva começou a cair novamente e algumas mulheres procuraram se refugiar nas cabanas ali perto, aguardando o retorno de seus maridos e esperançosas quanto aos frutos daquela pescaria. O mar começa a se revoltar, incitado pela chuva e ajudado pelo vento, deixando as mulheres cada vez mais em prantos e preocupadas, a cada minuto.

― Seu marido também está na pesca, querida? – pergunta uma senhora.

― Ah, marido? – gagueja Leah. – Não, é apenas um conhecido!

A loba sente suas bochechas queimarem e repreende-se mentalmente por deixar que uma frase tão idiota a afetasse, visto que era de um completo estranho que ela estava falando. Mas então, por que será que tudo sobre este estranho tinha que vir logo para ela?

As mulheres gritam, eufóricas e em uníssono, ao verem o barco se aproximar do píer e atracar com dificuldade. Alguns homens desceram do barco carregando caixotes com frutos do mar e o rapaz cherokee veio logo atrás, carregando a maior caixa sem nenhuma dificuldade, enquanto recebia elogios e agradecimentos pela ajuda, já que a maioria dos pescadores já não tinha o vigor de suas juventudes.

Outros dois homens descem do barco, amparando um terceiro homem, que Leah julgou ser o mais velho dentre todos, que não parecia nada bem.

― Oh, céus, o que aconteceu? – pergunta a esposa aflita, correndo em meio à chuva.

― O mar estava muito agitado, ele se desequilibrou ao puxar a rede e caiu na água. Ainda bem que Lucian estava lá, aquele garoto não temeu a revolta do oceano e pulou no mar para salvá-lo...

Mesmo sem ter intenção, o nome do cherokee já se espalhava entre os moradores da reserva, de uma forma bastante positiva, tornando-o ainda mais aceito no meio dos quileutes. Leah se impressiona com o feito, afinal, o que seria daquela mulher e de seus filhos se o marido morresse? Lucian realmente impediu que uma desgraça caísse naquela pobre família, uma desgraça semelhante a que recaiu sobre a dela própria...

― Oi, Leah, o que faz aqui? – pergunta Lucian, ainda debaixo de chuva.

Leah se assusta, já que, devido as suas próprias reflexões, não tinha visto sua aproximação. Ela abre a boca para dizer algo, mas desiste ao deparar-se com Lucian, ensopado, que não trajava nada mais que sua calça jeans. As gotas de chuva escorriam ousadamente pela sua pele exposta, os cabelos soltos caíam pelos ombros largos e seu rosto cansado denunciava o quanto tinha trabalhado.

― Estou só admirando a paisagem! – Olha para os lados, fingindo indiferença.

― Espero que goste do que vê. – Encara o oceano furioso. – Vou para a hospedaria, estou exausto.

"Até que gostei" confessa para si mesma e logo se repreende por deixar aquele estranho a afetar mais uma vez, porém, de que outra maneira poderia agir diante daquele tórax musculoso e sensualmente molhado? Ok, agora aquilo estava ficando realmente estranho, estava pensando demais no cherokee e, por causa disso, esqueceu-se completamente da conversa que queria ter com ele. Um uivo ressoa pela floresta no momento seguinte, a chamando para a patrulha, pois já estava bastante estava atrasada.

LeahOnde as histórias ganham vida. Descobre agora