Eu tinha doze anos quando beijei pela primeira vez.
Houveram outros, mas nenhum foi capaz de me fazer sentir o que estava sentindo naquele momento; beijando ele. As mãos firmes no meu quadril faziam borboletas dançarem na minha barriga. Não era um beijo desesperado, era um beijo lento, calmo e deliciosamente pacífico.
Quando ele se afastou, vagarosamente, meu coração batia tão rápido e despreparado que tive medo dele ouvir.
— O que...
As palavras que dançavam na ponta da minha língua desapareceram quando o alarme estridente do colégio se fez audível.
Ergo as sobrancelhas, me afastando bruscamente, quando a enxurrada de estudantes começaram a sair para fora do prédio mal iluminado.
— É o alarme de incêndio — Ethan murmurou, confuso.
Sem dizer mais nada, Ethan deu as costas e começou fazer o caminho em direção a confusão.
Mesmo com o alarme ainda soando, ainda era possível escutar os murmúrios dos alunos assustados que ocupavam o campus. Todos usavam pijamas e, as expressões sonolentas mostravam que haviam sido acordados pelo alarme.
— Liz! — desvio o olhar quando escuto meu nome.
Addie e Louisa vinham na minha direção. Louisa usava um conjunto de pijama composto por uma calça e uma camisa fina de mangas compridas na cor rosa com bolinhas brancas. Addie ainda usava o uniforme da Diamond, assim como eu.
— Estávamos preocupadas com você — Addie confessou, cruzando os braços ao parar a minha frente.
— Os corredores estão uma bagunça. Tem aluno saindo de tudo quanto é lado — Louisa contou, soprando uma mecha de cabelo que pendeu sobre o rosto.
— O que aconteceu? — indago, preocupada.
— Não sabemos — Addie respondeu, as sobrancelhas juntas. — Será que foi só um treinamento?
— Acho que não — minha colega de quarto emitiu.
Antes que uma de nós pudéssemos dizer alguma coisa, uma mulher baixinha que beirava os quarenta veio até nós. Logo reconheci ser a mesma mulher que me apresentou o colégio quando cheguei.
— Vocês estão bem? — inquiriu com o cenho franzido.
Assentimos.
— O que houve? — Louisa questionou, me deixado apreensiva enquanto esperava pela resposta.
— Ainda não sabemos, mas não se preocupem. Não há sinais de fogo aparente e, quase todos os alunos já estão aqui fora, então... não tem com o que se preocupar — deixo escapar o ar, aliviada.
A mulher abriu um sorriso forçado antes de seguir adiante e parar em um grupo de alunos que pediam informação.
— Parece que o diretor vai falar — digo, apontando para o diretor que ocupava um lugar no último degrau para a entrada. — Vamos.
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Só Mais Um Clichê
Ficção AdolescenteDepois de perder a irmã, algo dentro de Anna Liz mudou. A dor foi capaz de mudá-la exageradamente. Além de sentir que perdeu uma parte dela, pouco tempo depois Liz teve que lidar com o seu coração reduzido a pó, deixado pelo melhor amigo quando ele...