Ethan evitava me olhar nos olhos. Os ombros tensionados e a postura rígida mostrava o quão inquieto ele estava.
Lembrar das palavras de Daniel fez meu estômago embrulhar, me trazendo náuseas. Tentei não acreditar nas palavras secas dele enquanto me contava a história que eu estava custando a acreditar.
— O que você sabe? — Ethan perguntou, com a voz baixa e incrivelmente rouca.
— Ele me contou sobre a amizade de vocês — enterro meus dedos entre os meus cabelos, os puxando para trás, tentando me livrar dos fios que caiam em frente ao meu rosto. —, e sobre as corridas.
— Você acredita? — ele questiona, ainda com a voz baixa e os ombros tensos. — Você acredita nele? — completa a pergunta.
Engulo em seco o nó que se formava em minha garganta.
— Não sei — confesso. — Devo acreditar? — a verdade é que parte de mim estava desejando que ele desmentisse tudo aquilo, mas isso não aconteceu.
— Tanto faz — Ethan encolhe os ombros, transparecendo frieza quando cruzou os braços. — Você pode acreditar no que quiser.
Minha vontade era de arremessar uma cadeira nele por estar sendo tão estúpido outra vez.
— Ótimo, então vou acreditar que você foi um sonso quando caiu na ladainha da Hilary e aceitou entrar naquelas corridas clandestinas de merda! — solto as palavras com veneno. — Acredito que você puxou o Arthur para toda essa porcaria e não se importou quando ele começou a usar drogas! — ele não parecia afetado com as minhas palavras, tanto que em nenhum momento demonstrou estar incomodado. — Eu acredito que você não se importa com ninguém além de você mesmo e, que eu sou uma idiota por pensar que você ainda era o mesmo.
— É, talvez você tenha razão — ele cruza os braços, sem parecer incomodado com a fúria em meus olhos direcionados a ele. — Lembra do que diziam sobre os Collins no bairro em que morávamos? Diziam que éramos ignorante e arrogantes. Lembra de como o seu pai não queria que fossemos amigos? — reprimo os lábios com as lembranças. — Talvez ele estivesse certo quando dizia que eu acabaria me tornando alguém tão arrogante e estúpido quanto o meu pai — Ethan deu uma risada amarga. — O engraçado é que julgavam o resto da minha família como se fossemos todos iguais ao desgraçado do Jonas — ele faz uma pausa, passando uma das mãos entre os cabelos castanhos escuros. — Agora você está jogando a culpa de toda essa merda em cima de mim com base no que o babaca do McCarthy te contou!
— Você está certo — me afasto alguns passos, coçando o nariz com as costas das mãos. — Acreditei em uma pessoa que eu mal conheço, porque você não tem coragem suficiente para me dizer a verdade — solto o ar, tentando não surtar, pelo menos não ali. — Acho que esse é o fim da nossa amizade, não é? — Ethan desvia o olhar. — E se quer saber, eu nem estou reclamando, até porque ao menos dessa vez tive a chance de ver o quão idiota você é.
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Só Mais Um Clichê
Teen FictionDepois de perder a irmã, algo dentro de Anna Liz mudou. A dor foi capaz de mudá-la exageradamente. Além de sentir que perdeu uma parte dela, pouco tempo depois Liz teve que lidar com o seu coração reduzido a pó, deixado pelo melhor amigo quando ele...