Depois de perder a irmã, algo dentro de Anna Liz mudou. A dor foi capaz de mudá-la exageradamente. Além de sentir que perdeu uma parte dela, pouco tempo depois Liz teve que lidar com o seu coração reduzido a pó, deixado pelo melhor amigo quando ele...
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Me lembro da minha ansiedade para me tornar adolescente logo. Queria dormir e já acordar com quinze anos. Bem, mas nada foi tão bonito quanto eu imaginei que seria.
Presenciei a minha irmã mais velha se tornar uma adolescente. Ela podia sair com as amigas dela para o shopping e sair com garotos, além de não precisar avisar um ano antes a nossa mãe que iria para algum lugar depois da escola.
Estava ansiosa para ser adolescente também, não podia ver a hora de usar sutiã e ter um pouco de liberdade, não foi assim que aconteceu, na verdade foi horrível, horrível não, foi horripilante.
— Aaaaaaa! Mãeeeee, socooorroo! — foi a partir desse dia que a minha vida passou a desandar. Acordei sangrando naquela noite, tinha só doze anos na época, e quase tive um infarto quando vi as minhas roupas e os lençóis brancos da cama manchados. — Mãe! Pelo amor de Deus! Mãe vem logo! Ah, meu Deus, eu vou sangrar até a morte — confesso que fui um pouquinho dramática.
Minha mãe quase me atirou pela janela ao ver que não era algo tão "grave", ata! Foi horrível, mas aquilo nem se comparou ao dia seguido, pensei que estivesse tendo um filho quando tive a minha primeira cólica.
A dor era horrível, o que me fazia ficar em todas as posições mais ridículas durante o dia inteiro.
Tinha custume de colocar as mãos no chão e plantar bananeira no meio da sala quando a dor ficava muito ruim, era uma ótima tática, um pouco melhor do que o pano quente. Nessa época eu ficava tão sensível que chorava vendo comerciais de cerveja.
A morte da minha irmã mais velha havia desestabilizado a minha mãe por completo, mas ela fez o possível e o impossível para estar comigo naquela fase, a mesma que eu me iludi, pensando que seria um lindo mar de rosas.
— Ah, Susie! — resmungo me virando para tentar prender o fecho do sutiã. — Usar isso é muito ruim, tá apertando demais o peito que eu nem tenho! —ah, a linda TPM, quem nunca não é mesmo? — Por quê eu não tenho peito como as outras garotas da minha idade? Olha isso, o sutiã tá sambando nesses dois mini pão de queijo.
— Ué, não era você que estava doida para usar sutiã? Então agora aguenta, porque eles vão te acompanhar até a morte — minha mãe era um doce de pessoa como sempre.
Não sei o que aconteceu depois disso que causou o nosso afastamento e o fim da nossa relação entre mãe e filha. Tudo passou a me lembrar a Helena, sentia falta dela. Mamãe fazia bolo de chocolate no aniversário dela, o seu favorito. De noite eu podia ouvir Susie chorar, o que me fazia chorar baixinho para que ela não escutasse e pensasse que eu estava dormindo.
