Extra

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>> Gustavo
> +6 anos depois

Eu- segurem desse jeito, isso. Agora respirem fundo, mira.. ou melhor, visualizem vocês apertando o gatilho, a bala dispara direto para o alvo, bem no ponto em que queriam acertar. Vocês vão acreditar que podem, ter a confiança ajuda muito.

Eles disparam. Ainda não acertaram.

Kaique- como a mãe faz isso sem nem olhar direito, pra um cara andando?

Luiza- eu até gosto de uma coisa mais emocionante, mas como vou resistir a ela se sou péssima em atirar?

Eu- vocês são tão iguais!

Luiza/Kaique- somos gêmeos!

Eu- tá! Não ta dando certo. Querem emoção? - tiro a minha arma da cintura, com o gatilho travado, apontando pra eles - é assim que vão estar numa invasão! Só que um monte de cara pra tudo quanto é lado, vão estar no meio da guerra, os tiros são mais altos fora do cofre. Dois homens os cercam, querendo vocês como reféns e se vocês não acertarem a porra do tiro, vão conseguir! A mãe e o pai vão entregar a si mesmos e o morro. Vai ter sangue! Vidas perdidas! A nossa vida, a família! Tá tudo em jogo. Eae? Vão arregar? Ou vão acertar essa porra?

Eles se olham, tão fundo nos olhos um do outro, tem raiva e desespero, fúria e prazer. Se viram de volta, levantam a arma, destravam e na mesma hora, movimentos e sons sincronizados soaram. Eles dispararam. A bala sai do cano quente numa rapidez e acerta em cheio, bem no meio do alvo.

Eu guardo a minha arma satisfeito e eles travam as deles, sem acreditar que conseguiram. Se abraçam como se fosse a melhor coisa que já acontecera.

Eu- acho que podemos avançar mais, não é mesmo? Alvo em movimento agora? - eles assentem felizes e satisfeitos com eles mesmos e eu sorrio me lembrando da sensação.

_____ Flashback on _____

Carioca- pensando no que filho? - pergunta do sofá. Eu estava sentado brincando, quando pensamentos tomaram conta e eu parei, foi uma semana depois da Helena sair de casa.

Eu- a.. - por um segundo eu ia a chamar de mãe, mas mudei de ideia - a Helena vai voltar?

Carioca- acho que sim, por que a pergunta?

Eu- gosto dela - em parte era verdade. Nunca soube como consegui mentir sobre minha mãe biológica. Amei a Helena desde a primeira vez que ela me abraçou e senti segurança, mas naquele momento, eu não queria que ela voltasse.

Carioca- ela vai voltar tá bom, filho? Não sei o dia, mas vai - eu assenti e ficamos mais um tempinho em silêncio.

Eu- pai? - ele que tinha voltado a olhar futebol, me olha novamente - Eu posso aprender atirar?

Carioca- tu só tem 3 anos - foi o que ele me disse, mas eu fiz a mesma pergunta, um tempo depois do ano novo, para o tio Fernando.

Fomos num lugar onde ele disse que a Helena aprendeu atirar.

"Que braço mole é esse garoto?" Deu risada. "Mira direito" empurrou meu braço "segura firme e sem medo" apertou minha mão em volta da arma "e quando tiver certeza, o que vai tem que decidir muito rápido, você aperta o gatilho" eu apertei. Acertei no alvo, mas não no meio, já estava tarde, então quer dizer que foi depois de muitas tentativas.

"Eu consegui!" Eu sorri. Isso me fez bem, saber que posso ter um controle da arma.

"Muito bem" ele disse sorrindo "mas você, vai ver pessoas caindo ao seu lado o tempo todo numa invasão. Não é um jogo, são vidas. O inimigo nós matamos por nosso morro, a nossa família! Porque eles não ligam pra isso! Mas você vai! É fácil se perder nessa vida e tu não vai fazer isso, vai resistir" eu concordei "você é herdeiro agora! Esse morro vai ser teu um dia e seu pai vai querer que você cuide bem dele, melhor do que ele próprio. Eu sei que você é capaz"

Eu não entendi tudo o que tinha me falado, eu tinha feito 4 anos a apenas alguns dias, então não entendi o efeito que essas palavras tinham, não entendia o porque do meu pai estar tão abalado se dizia que a Helena ia voltar, mas hoje eu entendo.

Fiquei feliz por saber que eu era capaz. Hoje, sei que vou ser herdeiro de uma porra de morro cheio de droga, e eu entendo...

_____ Flashback off _____

Eu- eu não entendia antes, quando me ensinaram, mas vocês vão entender. Isso na mão de vocês é letal. Na maioria das vezes, se acertarem, vai matar na hora. As pessoas morrem de bala perdida, pessoas com família.. famílias boas!

Kaique- mas matamos todos os dias..

Eu- porquê é olho por olho. Os rivais nos tiram nossa família se deixarmos, matam família inocente do morro. Então, num milésimo de segundo vocês vão ter que saber se estão prontos e se é certo. Vão ser obrigados a acertar seu alvo, antes que ele mude de direção e pegue em alguém que não tinha nada a ver com nossa guerra. São filhos de alguém, podem ser avós, mães.. tem gente em casa esperando por eles!
"Nós nascemos no errado, mas não é por isso que vamos ser assassinos. Cuidem dos nossos, porque vocês vão aprender a dominar essa merda"

Luiza- como a nossa mãe? - notei os dois ansiosos e eu neguei sorrindo.

Eu- como o diabo!

☆☆☆
•não esqueçam de:
-deixar a estrelinha e
-comentar.

Morro Do AlemãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora