101. De Volta À Realidade

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 "Forgive us our trespasses as we forgive those that trespasses against us

Although them again we will never, never, never trust

Dem now, know weh dem do, dig out yuh yei while dem sticking likeglue

Fling, skind, grin while dem plotting fah you

True, Ah Who?


Forgive them father for they know not what they do

Forgive them father for they know not what they do


Beware the false motives of others

Be careful of those who pretend to be brothers

And you never suppose it's those who are closest to you, to you

They say all the right things to gain their position

Then use your kindness as their ammunition

To shoot you down in the name of ambition, they do"

     Forgive Them Father - Lauryn Hill


101. 

— Bom dia. — Falei ao encontrar com Phil no caminho da escola.

— O que houve? — Ele questionou tocando no meu ombro. — Tá com uma cara...

Eu reagi me afastando sem pensar.

— Nada... Tô de ressaca só, que droga. — Disse pondo mais uma bala de canela na boca.

— De ressaca de novo? Você bebeu mais ontem mô?

— Sim, se estou de ressaca é porque bebi não é? — Respondi alto. — O que tem demais?

— Ei, calma... Não...

— Não me manda ter calma! — Respondi trincando os dentes e apressando o passo.

— Ei Dani, fala comigo... — Ele me alcançou.

— Não foi nada Phil. — Falei baixo, pensando na repreensão do meu pai e sobre minha mãe. — É só ressaca, não dormi direito.

— Tá bem então... Relaxa... — Afagou minha cabeça.

Ficamos calados por um tempo.

— O fim de semana foi tão bom. — Ponderei notando um nó na garganta. Era como se eu sentisse saudade de uma memória tão distante que tive necessidade de mencionar. — Queria ir... Queria ter ficado mais.

— Foi... Foi sim. Também queria... Queria morar lá, na real. Esquecer daqui um pouco. Ou esquecer muito.

E talvez a memória da morte de César também tenha voltado a incomodá-lo.

— De volta à realidade não é? — Questionei olhando de relance.

— É... — Calou por um momento. — Ei... Dorme lá em casa hoje. — Pediu tocando minha mão.

— Não sei...

— Por favor, diz a Dário que vai estudar comigo. Quer que eu peça?

— Eu vou pedir. — Mencionei, mesmo imaginando da negativa do meu pai.

É como se Phil percebesse a necessidade de me apoiar e quisesse me vigilar.

Estava entrando na minha sala quando Jonas passou ao lado me empurrando.

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