23. Ajuda Externa

610 78 21
                                    


"Quem espera que a vida

Seja feita de ilusão

Pode até ficar maluco

Ou morrer na solidão

É preciso ter cuidado

Pra mais tarde não sofrer

É preciso saber viver

Toda pedra do caminho

Você pode retirar

Numa flor que tem espinhos

Você pode se arranhar

Se o bem e o mal existem

Você pode escolher

É preciso saber viver..."

     É Preciso Saber Viver – Titãs (original de Roberto e Erasmo)


23. 

Quando meu pai voltou da pelada com uns sete colegas de time estavam todos molhados, tanto da chuva quanto de suor. Eu já estava bem alto de tanto misturar as bebidas, e fiquei observando de longe os corpos daqueles homens ainda em forma mesmo sendo trintões e quarentões.

Seu Dário provavelmente era o mais bonito deles. Mas, quase todos tinham algum atributo físico que chamava a atenção... Um tinha nádegas bem proeminentes, outro as coxas que davam duas das minhas, outros os braços e costas torneadas, etc.... A transparência das roupas molhadas me fazia ter uma visão indiscreta, notando contornos, curvas e volumes indiscretos mesmo sob as cuecas. Não era comum eu reparar nesses detalhes em homens aleatórios, muito menos em caras da idade do meu pai!

Mas, como a imaginação é mais rápida do que a culpa ou do que a vergonha, inevitavelmente fantasiei meu pai reproduzindo brincadeiras com os parceiros de time como eu imaginava que os caras do Arcade faziam entre si. A minha ereção cresceu tão rapidamente quanto a vergonha e culpa por aqueles pensamentos indecentes!

Estava tão distraído que não notei quando Pietro chegou por trás de mim e passou a mão na minha cabeça. Quase saltei da cadeira! Fechei as pernas e pus o livro sobre o colo imediatamente num impulso que fez parecer que eu escondia algo... O que era verdade.

— Que susto seu porra! — Reclamei alto.

Pietro gargalhou e seguiu em direção da área dos vestiários.

— Olha a boca moleque! — Meu pai falou passando em seguida.

— Foi mal pai... — Falei baixo.

Evitei olhar para os outros jogadores que passaram muito perto de mim exalando cheiro de suor. Quando todos se foram, tentei me concentrar no jogo de Pokémon, mas a fantasia daqueles homens brincando no vestiário me perturbou um bocado, tanto que além da ereção insistente, senti minha roupa íntima ligeiramente úmida. Logo, comecei a pedir alguns petiscos para amenizar o efeito lascivo do álcool. E até que funcionou.

Quando voltaram exalando perfumes amadeirados, com roupas secas e mais compostas, se sentaram a uma mesa ao lado da minha e começaram a beber como se não houvesse amanhã. Afinal, era a confraternização de fim de ano do racha deles. E a comemoração anual tinha o espírito de: "É a última vez faremos isso esse ano!". Como se tudo pudesse acabar no ano seguinte.

Depois de uma ou duas horas fiquei mais relaxado, alternando entre enfrentar algumas batalhas em Pokémon e observar Seu Dário com os amigos bebendo e se divertindo.

ARCADEOnde histórias criam vida. Descubra agora