130. Suspiros

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 "Essa não é mais uma carta de amor

São pensamentos soltos

Traduzidos em palavras

Pra que você possa entender

O que eu também não entendo


Amar não é ter que ter

Sempre certeza

É aceitar que ninguém

É perfeito pra ninguém

É poder ser você mesmo

E não precisar fingir

É tentar esquecer

E não conseguir fugir, fugir


Já pensei em te largar

Já olhei tantas vezes pro lado

Mas quando penso em alguém

É por você que fecho os olhos

Sei que nunca fui perfeito

Mas com você eu posso ser

Até eu mesmo

Que você vai entender


Posso brincar de descobrir

Desenho em nuvens

Posso contar meus pesadelos

E até minhas coisas fúteis

Posso tirar a tua roupa

Posso fazer o que eu quiser

Posso perder o juízo

Mas com você

Eu tô tranquilo, tranquilo


Agora o que vamos fazer

Eu também não sei

Afinal, será que amar

É mesmo tudo?

Se isso não é amor

O que mais pode ser?

Tô aprendendo também"

     O Que Eu Também Não Entendo – Jota Quest


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O calor que eu estava sentindo naquele momento não era do clima abafado e úmido do verão no litoral. Era de raiva. Pura raiva. Que consumia minha imaginação em fantasias distorcidas de reação descontrolada. Eu queria quebrar tudo ali, todas as mesas, as cadeiras, arrancar Phil da piscina e bater na cara dele até... Até...

A cena dele sangrando não foi agradável de imaginar. E me culpei profundamente por ter imaginado aquilo, mesmo involuntariamente. Calafrios percorreram meu corpo e tive vontade de chorar, de gritar de ira, mas nem isso consegui. Ou, me controlar ao ponto de não fazer nada daquilo, foi o que consegui!

Tentei juntar os pedaços de vidro do chão quando a vontade era de esfregá-los na cara, nos braços. Talvez mais cortes dessem vazão a cólera que me revirava o estômago. Mas, os joguei na lixeira no caminho para o banheiro

ARCADEWhere stories live. Discover now