193. Vinho e Verdade

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 "O que eu gosto no rio mais

É que ele nunca está igual

A água sempre muda e vai correndo

Mas não podemos viver assim

E este é o nosso mal

E o pior é que acabamos não sabendo


Lá na curva o que é que vem

Sempre, lá na curva o que é que vem

Quero saber

Lá na curva o que é que vem

Eu só vou ver

Aves a voar

Quero entender

O meu sonho não me diz

Lá na curva o que é que vem pra mim

Que vem pra mim


Que caminho vou seguir?

Qual a melhor solução?

Vou casar com Kokowan

Ou devo então casar com quem?

Ou só sentir que o meu sonho vive

E depois da curva vem"

     Logo Após a Curva do Rio — Pocahontas (Da trilha sonora em português)


193. 

— Boa noite Tio... Vai descer ou ainda precisa de ajuda pra tomar banho? — Falei assim que ouvi que o interfone de Pietro foi atendido.

— Já estou descendo, moleque atrevido! — Riu.

Esperei talvez um minuto e Pietro apareceu se equilibrando em duas moletas ao meu lado na entrada do condomínio. Foi estranho que minha memória relembrou a imagem de quando eu entrando ali, quando o caminhoneiro Daniel me deixou. Meu coração acelerou e pareceu uma repetição do dano. Como se a lembrança inusitada viesse me dizer que era estranho pedir permissão para me comunicar com o amigo do meu pai. Mas, eu já estive ali algumas vezes, mesmo depois do acidente... Era um alerta, um tipo de ansiedade que me paralisou um momento. Talvez, tempo demais.

— O que foi? Vai ficar aí? — Pietro questionou me tirando do transe.

— Oh, não... Não... É que estava lembrando... Como eu cheguei aqui naquele dia. — Falei muito baixo, como se fosse um pensamento.

— Que dia?

— Que eu estava bêbado... Que tu me levou para... Deixa pra lá. — Falei me dando conta de que estávamos chegando perto do carro.

— Você tá lembrando o motivo? — Pietro questionou e tocou o meu ombro.

— Do quê?

— O motivo do que fez tu vir parar aqui... Tu sempre quis desviar do que aconteceu.

— Eu falei o que eu lembrava... Ué! Eu tinha esquecido por causa da bebida.

— Foi amnésia alcoólica então? Você bebeu que esqueceu?

— Algumas partes, sim... Acho que foi isso. Só isso. — Falei baixo.

— Sei... — Apertou perto da minha clavícula. — Tu sabe que eu sei, não é?

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