70. Satisfações

364 41 46
                                    

 "Unable so lost

I can't find my way

Been searching, but I have never seen

A turning, a turning from deceit

'Cos the child roses like

Try to reveal what I could feel

I can't understand myself anymore

'cause I m still feeling lonely

Feeling so unholy

'Cos a child rolls his eyes

Try to reveal what I could feel

And this loneliness

It just won't leave me alone

I'm fooling somebody

A faithless path to roam

Deceiving to breath this secretly

This silence, a silence I can't bear"

     Numb - Portishead


70. 

— O que está acontecendo pai? — Perguntei pensando que ele tinha comentado da rosa amarela com a professora de biologia. — Eu não estou matando aula! Eu estava fazendo provas! O trabalho era de outra disciplina! — Falei alto.

— Ei... — Disse erguendo os braços.

— Está me seguindo, é isso?

— Ei abaixa o tom Daniel! Calma, eu sei que você não estava matando aula. — Meu pai disse olhando ao redor. — Não estou te seguindo. Dei um pulo aqui para ver como estavam tuas notas... Não tem nada demais. Eu disse a você que ia ficar de olho, não foi? — Ele tocou meu ombro.

— Você não confia em mim! — Resmunguei afastando-o.

— Para os assuntos da escola? Não tem como, meu filho. — Ele respondeu me levando até o carro. — Lembre que você perdeu um ano!

— Eu já pedi desculpas, eu já me arrependi... — Justifiquei cabisbaixo.

Senti alívio momentâneo por ter certeza de que ele só teve notícias boas sobre minhas notas e assiduidade.

— Entra, vamos almoçar...

— Onde? — Oh, lá se foi minha dose diária de vodca e minhas partidas de KoF, pensei.

— Você prefere no Shopping ou no italiano?

— Pode ser no italiano... — Respondi sem pretensão. — Mas, achei que só abriam a noite. — Disse entrando no carro.

— Já devem estar abertos. — Ele respondeu olhando o relógio, dando partida em seguida.

— Filho, eu não queria ter que ficar na tua cola, você já é grandinho e sei que é até responsável.

— Então deveria confiar mais em mim. — Disse.

— Responsável com algumas coisas... — Ele atropelou minha fala. — A questão é que você me deu motivos pra eu ter que ir na tua escola conferir tua presença.

— Tá, eu sei... — Falei revirando os olhos, olhando para o trânsito ao mesmo tempo que agarrava com mais força minha mochila.

— Mas, está de parabéns! Tuas notas estão muito boas moleque! — Falou empolgado e sorriu. Parou um momento e falou: — Mas, você anda estranho... Parece aéreo o tempo todo...

ARCADEOnde histórias criam vida. Descubra agora