66. Marcado

416 47 67
                                    

 "When I'm lost in the rain

In your eyes I know I'll find

The light to light my way

When I'm scared, losing ground

When my world is going crazy

You can turn it all around, yes


And when I'm down, you're there, pushing me to the top

You're always there giving me all you've got


For a shield, from the storm

For a friend, for a love to keep me safe and warm

I turn to you

For the strength to be strong

For the will to carry on

For everything you do

For everything that's true

I turn to you


When I lose the will to win

I just reach for you and

I can reach the sky again

I can do anything

'Cause your love is so amazing

'Cause your love inspires me"

     I Turn To You - Christina Aguilera


66. 

Não dormi naquela noite, evitei fumar, não consegui nem submergir em um jogo qualquer. Minhas memórias se misturavam com a culpa, com a possibilidade de ter sido denunciado para meu pai, com a expectativa de abandono de Phil. O que Pietro teria dito, o que o meu namorado teria conversado com o primo... Meu namorado... Todas aquelas possibilidades de consequências dos meus atos me atormentaram como pesadelos enquanto eu estava acordado. Bem acordado e causando mais cortes nas minhas coxas para me fazer lembrar o quão deveria ficar desperto, como um castigo!

Ainda bebi um pouco, mas não o suficiente para me ajudar a apagar. Ainda pensei em ligar para Phil para pedir socorro, ou até ir a casa dele, usar as chaves que nunca tinha usado... Mas, temia ter que mentir mais e mais. E por um momento até cogitei falar sobre as novas marcas, sobre a angústia, sobre a culpa. Mas na manhã seguinte, quando o vi correndo em minha direção emanando aquela energia viva, meu coração quase parou.

Eu não posso... Não posso corromper ele...

Os músculos da minha face pareciam lutar contra os comandos neurais. Estava prestes a chorar, derrotado mais uma vez pela incapacidade de expor minha agonia. Logo, retribui o sorriso como se fizesse um esforço descomunal, quase engasgado, trincando os dentes para não expressar a dor que me roubou o fôlego momentaneamente.

— Bom dia mô! — Ele disse passando o braço pelo meu pescoço.

Eu não consegui responder, só encostei a cabeça no ombro dele por um instante, inalando o perfume tão refrescante que me fez sentir limpo, como se Phil pudesse me purificar, nem que fosse momentaneamente. Queria me esconder nele... Queria me enjaular em seu tórax, como se as costelas que eu tanto gostava de acariciar pudessem ser as grades de uma prisão.

ARCADEOnde histórias criam vida. Descubra agora