CAPÍTULO 36 - DANILO

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Ainda sinto meus músculos tensos após todo o estresse e preocupação com Ana. Eu odiava seus pais com todas as minhas forças. Era imperativo. Os fodidos tinham conseguido quebrar cada pedaço da força de Ana, e mais uma vez ela havia cedido aos impulsos da anorexia.

Quando recebi a ligação de Gabriel avisando que ela estava no hospital, meu coração parou. A ideia de vê-la machucada, ferida, doente... Era demais para mim. Fazia com que meus órgãos revirassem.

Mas ela estava bem. Estava bem e segura e estava cercada por pessoas que a amavam de verdade e isso me tranquilizava. Pude passar o resto do dia ao seu lado, me certificando de que ela tinha tudo que precisava. Tentando voltar a respirar novamente, me acalmar e me certificar de que ela estava bem.

Fui para casa à noite, satisfeito por Daniel dormir com ela e distraí-la com seus monólogos jurídicos insuportáveis que só Ana entendia. O cara era um pé no saco, mas era a pessoa mais importante da vida da Ana e isso era algo que eu respeitava profundamente.

Trabalhei pesado na segunda e na terça adiantando três contratos que Alex deveria supervisionar. Ana havia me mandado uma mensagem, me garantindo que eu estava bem, o que me aliviou o suficiente para que eu conseguisse mergulhar na construtora.


Quando chego em casa, na quarta à noite, Théo já estava jogado no sofá, digitando furiosamente em seu computador. O mané era um nerd e talvez por isso ser médico fosse tão fácil para ele. Com meus horários conturbados e os seus, quase não estávamos mais nos esbarrando em casa. Às vezes ele parecia um fantasma muito limpo e organizado que comia todos os meus cheetos e gastava toda a pasta de dente sem nunca colocar outra no lugar. Essa era a única prova da sua existência. Mas era gente boa, pagava o aluguel em dia então vivemos bem.

- FIFA em meia hora? – Ele pergunta, tirando os olhos cansados do computador e me olhando. As olheiras fundas que ele estampa provam que a residência e os plantões estão sendo alucinados. Ele parece meio morto. Fico com pena de verdade.

- Cara, você deveria pegar essa meia hora e dormir. Você está parecendo a porra de um zumbi. – falo, abrindo a geladeira, pegando um Gatorade e jogando-o em sua direção. Apesar de morto, ele consegue pegar a garrafa no ar.

- Muita coisa na cabeça. – Ele diz, esfregando o rosto. – Preciso me distrair.

- Leva alguma gata pra sair. – sugiro, dando de ombros.

- Tenho muita certeza de que meu pau está tão morto quanto eu.

Meu celular toca alto, me impedindo de falar qualquer coisa. E assim que vejo o nome de Ana brilhando na tela, não consigo impedir o sorriso estúpido de esticar minha cara.

- Oi. – Ela atende, a voz receosa, quase tímida. – Tive um dia dos infernos, quer tomar um vinho e conversar? – pergunta, e meu coração dói – literalmente dói – com o quanto seu pedido significa para mim. Que ela está buscando a mim. Estendendo a mão.

- Estarei aí em vinte minutos.

- Ok. – Ela fala, e eu posso ouvir o sorriso em sua voz.

Encerro a chamada, e volto meu olhar para Théo, que me encara sério.

- Vai dormir. – Digo, apontando meu dedo em sua direção. – Preciso sair.

- Farei isso. – Ele diz, mas volta a encarar o computador e a digitar rapidamente. O puto era um caso perdido.




- Boa noite. – Eu falo, assim que Ana abre a porta, vestindo nada além de um vestido de verão lilás. O cabelo está preso num coque adorável, e ela segura uma taça de vinho tinto. O sorriso que se espalha em seu rosto me faz sorrir também.

QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora