CAPÍTULO 12 - DANILO

3.9K 451 71
                                    


Eu não posso nos salvar, 

minha Atlântida, nós caímos 

Construímos essa cidade em solo estremecido. 

- Atlantis, Seafret



Entrar na academia de Salvatore era sempre como tomar um soco de adrenalina no meio da cara. Ele era famoso por um motivo: todo o ambiente gritava força e poder. Os tatames caros, as paredes em vidro moderno, espelhos para todos os lados.

Salvatore era o melhor e só escolhia o melhor, desde seus professores, funcionários até seu ambiente de trabalho. Todos os Fiori tinham uma ética de trabalho impecável e exigiam o mesmo das outras pessoas. Era algo incrível de ver de perto.

Todos nós malhamos aqui, então não perco muito tempo observando o ambiente. Minhas mãos estão suando, não dormi nem meia hora na madrugada passada e tenho uma dor de cabeça infernal. As palavras de Salvatore estão me assombrando porque usei todas as minhas forças para enterrar a maldita noite dentro de mim e em dois minutos Salvatore destruiu dois anos de tortura e muito trabalho emocional para seguir em frente. A terapia havia me ajudado muito, mas ainda assim, ela não tirava a minha dor. Eu não queria ir parar num buraco mais fundo do que eu já estava.

O escritório de Salvatore ficava no terceiro andar da Academia, onde os atletas profissionais treinavam. Ele gastava seu tempo treinando os atletas e cuidando da administração. Paro em frente a sua porta de madeira e bato, esperando que ele libere minha entrada.

- Está aberta. – A voz de Salvatore diz e eu entro em sua sala. Meu estômago está embrulhado, mas me contenho. Salvatore está sentado em sua mesa e assim que ergue o rosto e me vê, ele se levanta. Está vestido com a camisa preta justa nos braços de sempre e calças jeans escuras. O cara é gigante.

- E aí, cara? – Eu digo, enquanto trocamos um abraço.

- Desculpa por não ter conseguido explicar tudo direito ontem. – Ele diz, quando nos afastamos. – Imagino que te dei muito pra pensar. – ele continua, voltando pra sua cadeira, com um sorriso no rosto e eu bufo.

- Você não faz ideia. – digo e o sigo sentando na cadeira a sua frente. Automaticamente começo a bater meu pé no chão para controlar minha ansiedade.

- Quer beber alguma coisa? – indaga. – Uma água, um café...?

- Salvatore, eu só quero que você fale o que você tem para me falar. – solto. – O que diabos pode ter acontecido para você querer desenterrar esse assunto agora? – pergunto e posso jurar ter escutado sussurrando "como se isso estivesse enterrado de verdade para vocês dois". Salvatore me observa por muitos segundos e quando ele finalmente se pronuncia quase caio da cadeira.

- Eu quero que você descreva para mim exatamente toda a noite da traição. – declara e eu arregalo meus olhos porque Salvatore foi quem mais se afastou de mim depois da traição, ele via Ana quase como sua filha, então nunca quis ouvir a minha versão da história. Eu havia machucado quem ele amava e para ele isso dizia muito sobre mim sob sua ótica, e eu jamais questionaria sua decisão. Eu faria o mesmo.

- Como assim? – Pergunto vacilante. Salvatore continua me observando.

- Eu quero que você me conte como aconteceu, da briga com Ana até seu pau dentro de outra mulher. – Ele fala, e vejo uma pequena veia saltar em sua têmpora, então sei que ele está tão desconfortável quanto eu em passar por estar revirando esse assunto. Meu coração bate tão forte dentro do meu peito que tenho me concentrar em minha respiração, para garantir que oxigênio está chegando ao meu cérebro. Sei que Salvatore nunca colocaria alguém numa situação desconfortável se pudesse evitar, então apenas confio em suas motivações e começo a falar.

QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora