CAPÍTULO 8 - FLASHBACK ANA

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Eu te amo mais do que eu pensei

Que poderia amar alguém

All I've Ever Needed – Paul McDonald feat. Nikki Reed





- E como ela está? – Danilo pergunta, enquanto acaricia meus cabelos. Estou deitada em seu colo, no chão de seu quarto. Seu irmão mais velho está na empresa, assim como em todas as outras vezes em que eu estava aqui. Não havia nenhum porta-retrato pela casa e Danilo detestava redes sociais, logo, eu ainda não tinha a menor ideia de como o cara se parecia. Se seguisse os genes da família, deveria ser muito bom de se olhar. Fecho os olhos absorvendo o toque das mãos de Danilo em meu couro cabeludo.

- Ela está bem, dentro do possível. – Eu digo, com um suspiro. Minha Flor estava sofrendo muito com a gravidez não-planejada. Ela era a melhor pessoa que eu conhecia, mas acho que ninguém está pronto pra abraçar a ideia de ser mãe da noite pro dia, principalmente quando o pai foi uma transa casual.

- Alguma notícia do pai?

- Sim, eles se encontraram hoje e ela contou sobre a gravidez. – explico, os olhos ainda fechados pelo carinho gostoso. Danilo se aproxima de mim e beija meus olhos, a ponta do meu nariz e finalmente minha boca, num carinho suave.

- E como ele reagiu? – Ele pergunta, agora acariciando meu rosto. As borboletas em minha barriga se agitaram, como sempre.

- Melhor do que eu esperava. – digo, sincera. – Disse que vai assumir o bebê e quer construir uma amizade com Nina, pelo bem da criança. – explico.

- Isso é bom, gatinha. – Danilo diz. – É um passo na direção certa, apesar de não ser nada além da obrigação dele.

- Sim, é bizarro o quão fodidos alguns caras são. – bufo, frustrada. – Todo mundo sempre julga a mulher por "abrir as pernas", e ter engravidado "porque quis" – digo, gesticulando com as mãos. – Mas todo mundo simplesmente ignora a responsabilidade paterna. Eu odeio essa sociedade machista e patriarcal! – Exclamo.

- Concordo. – Danilo diz. – Mas é um pensamento que precisa ser desconstruído aos poucos. Eu mesmo, inclusive, falo merda preconceituosa e nem percebo. Acho que a gente precisa dar educação as pessoas. – Ele diz, reflexivo. – A gente não tem como melhorar sem saber onde estamos errando e porque aquilo é um erro, em primeiro lugar. Estou sempre tentando me educar principalmente sobre a causa das mulheres. – ele diz, perdido. – Sei que sou privilegiado por ser homem, mas se um dia nós tivermos uma filha, não quero que ela se sinta culpada por trabalhar tanto quanto o marido, se ela gostar de meninos. – Ele diz, agora irritado. – Porque vão. Sempre vão perguntar se ela não se sente uma mãe ruim por fazer as exatas mesmas coisas que o parceiro faz. – continua. – Acho que isso é o que mais me irrita. A sociedade usa dois pesos e duas medidas o tempo inteiro com homens e mulheres. É nojento. E... – ele tenta continuar, mas meu sorriso é tão gigante, que não resisto e simplesmente o calo com um beijo profundo. Ele fica perdido no início, mas logo seus lábios se abrem para os meus e eu afundo minha mão em seus cabelos, puxando até todas as partes do corpo dele estarem grudadas na minha. O beijo até que percamos o ar.

- O que foi isso? – Ele pergunta, com um sorriso tão carinhoso que não me resta nada além de beijá-lo suavemente dessa vez.

- Amo como você tem opiniões sobre tudo. – Digo, lhe dando selinhos ininterruptos. – Amo como você escuta o que eu falo e se importa o suficiente para pesquisar sobre e formar sua própria opinião. – Mais um selinho. – Amo como você é justo e sempre se frustra com injustiça e desonestidade. – Selinho. – E amo – selinho – saber – selinho – que você – selinho – quer ter – selinho -bebês – selinho – comigo. – digo, o beijando. Minha voz muito emocionada. Nunca consegui me ver como uma possível boa mãe, principalmente com minha família problemática. Mas saber que Danilo via esse tipo de futuro pra nós dois – um futuro longo – fazia um sentimento novo se assentar dentro de mim. Uma certeza muito maior do que qualquer outra.

QUEBRADOS - Irmãos Fiori: Livro II - COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora