Capitulo 4

10 1 0
                                    

DULCE

Enquanto Maitê tomava banho, eu lia no sofá os papéis que ela me deu. Realmente relatava tudo o que tinha me dito. O que mais me chamou atenção e também não saía da minha cabeça era o fato de que todos os vampiros seriam extintos da face da terra. E por isso, eu ia tentar aproveitar da melhor forma os meus últimos dias, meses ou anos. Por mais que o meu lado mau insistisse em me convencer de não levar essa missão maluca adiante, o meu lado bom não queria permitir que o mundo continuasse condenado a conviver com um vampiro perigoso como Logan. Se ele encontrasse essa estaca antes de nós, seria um caos, poderia ser o fim da humanidade. 

Eu sabia que nós precisaríamos de toda ajuda possível, mas com quem eu poderia contar ? Meus pais ? Eles gostam de ser vampiros, gostam do poder. Eles não eram más pessoas antes de serem mordidos, a transformação mexe com a gente. Nos torna mais fortes, poderosos e imunes a certas coisas que são mortais para os humanos. Era muito bom ter a sensação de controle, de poder, sentir o gosto do sangue na boca, mas o custo de ter tudo isso era alto demais: nossa alma não nos pertencia mais, se tornava obscura. Se eu não tivesse a Maitê, a minha carreira, as minhas canções e os meus fãs para me refugiar, acho que eu poderia estar como meus pais. Eu queria muito voltar a ser normal, mas era impossível. 

O pior é que mesmo fazendo dez anos que não mordia uma pessoa, tinha uma parte dentro de mim que queria muito isso. E quando eu sentia uma vontade incontrolável, era Maitê que me ajudava. Ela injetava um pouco de mercúrio no meu organismo. Assim, eu ficaria fraca e sem poderes. Era como se a minha "bateria" acabasse. E aí, começava tudo de novo conforme as semanas se passavam. Eu percebi que ontem me deu uma vontade maior de beber sangue. Era o sinal de que eu logo precisaria de sangue humano. 

Maitê -- E então, Dulce. Onde nós podemos guardar tudo isso ? Não dá para deixar aqui porque essa casa é alugada. (Ela disse sentando em cima da mesa de centro ficando de frente para mim) 

D -- Bom, talvez eu possa comprar um barco e a gente guarda lá. 

M -- Um barco ? 

D -- Sim. É melhor que outra casa porque isso sim vai levantar suspeitas. Um barco é o ideal. Podemos desaparecer no meio do mar se acontecer um imprevisto. 

M -- E você sabe dirigir um barco ? 

D -- Não. Mas eu conheço alguém que sabe. E ele pode me ensinar. Eu aprendo rápido. Não deve ser difícil.

M -- Quem é esse alguém ? Alfonso ? 

D -- Não. Dylan Raymond. 

M -- Esse aí não é o...

D -- Sim, é um dos donos da gravadora. Ele ainda continua me chamando para sair, acredita ? Me convidou pra passear de barco mais de uma vez. Por isso eu sei que ele é o único que pode me ajudar sem desconfiar de nada. 

M -- E que desculpa vai dar ? Que resolveu comprar um barco para pescar e adotou recentemente esse hobby ? 

D -- Que eu comprei para quando eu quiser ficar sozinha e ter um pouco mais de privacidade para compor minhas músicas. E que você também vai usá-lo para ficar mais à vontade com os seus namorados. 

M -- O que ? Eu ? 

D -- Tenho que fazer parecer que esse barco terá utilidades normais. Você precisa manter as suas coisas em segurança, então... acho que é um lugar perfeito. Se tiver uma ideia melhor, essa é a hora pra dizer. 

M -- Tudo bem. Não consigo pensar em outro lugar mais seguro. E o que te faz ter certeza que ele vai te ajudar ?

D -- Eu sou boa em persuasão. E também ele é louco por mim. Até hoje não desistiu de ter um relacionamento amoroso comigo. Ele vai gostar de passar um dia ao meu lado. E também só será por um dia. Se nós duas podemos dirigir um carro, também podemos dirigir um barco. 

Inevitable SinfoniaWhere stories live. Discover now