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A quanto tempo a gente sofre
Na mão dos partido rico
A quanto tempo a gente morre
Sempre por engano.

- Favela Pede Paz, Mc Hariel.

Breno

Anos atrás...

Sonhei com a minha mãe pela quinta vez seguida só essa semana. E nos meus sonhos ela tava distante de mim, mas sentia que ela tava finalmente feliz e só de olhar o seu sorriso, eu me sentia em paz.

Acordei no susto quando escutei alguém entrar no meu quarto e bater a porta do força. Só conseguia escutar uma respiração ofegante. Abri meus olhos e minha coroa tava lá encostada na porta, com os olhos cheios de lágrimas e a mão no peito.

Breno: O que foi mãe? - me sentei na cama e encarei ela assustado.

Alessandra: Nada não meu menino. - sentou do meu lado na cama.

Olhei bem para o seu rosto e ela tava com o olho roxo e inchado, um corte grande no lábio e vários hematomas no rosto, principalmente na bochecha.

Neguei com a cabeça e segurei sua mão, me doía tanto ver o quanto ela sofre na mão daquele lixo do meu pai. Aquele maldito sempre passa a madrugada fora enchendo a cara em boteco e quando chega em casa desconta tudo na minha mãe.

Cresci vendo minha mãe tomar porrada o tempo todo e na maioria das vezes eu tento defender ela, mas no final ela acaba saindo mais prejudicada.

Nunca vou entender porque ela continua com esse cara mesmo com tanta humilhação. Sempre que os irmãos vem cobrar ele, ela desmente tudo o que dizem e ainda me obriga a mentir também.

Sempre vejo casos assim na televisão e sei que o final dessas coisas nunca é bom. Tenho medo de sair de casa e quando voltar, acabar encontrando ela morta em qualquer canto desse lugar.

Alessandra: Desculpa te acordar essa hora filho, mas eu preciso de um favor seu. - colocou o cabelo atrás da orelha.

Breno: Diz aí. - bocejei.

Alessandra: Sabe o dinheiro que eu te dei segunda no seu aniversário? - falou e eu assenti - Tu ainda tem ele né? - disse toda sem graça.

Breno: Tenho, porquê? - perguntei na neurose.

Alessandra: Teu pai pegou todo o meu dinheiro e eu queria ir fazer feira hoje. - suspirou envergonhada.

Além de ser um bêbado do caralho, ele ainda bebe usando todo o dinheiro que minha mãe ganha tendo que lavar banheiro de madame. O cuzão não ajuda em nada dentro de casa, só fica coçando o saco o dia inteiro.

Eu já tentei procurar um trampo lá no asfalto, mas é só dizer que eu moro na favela que eles faltavam me expulsar do lugar a chutes. Já passei por causa humilhação, tem dono de empresa que te olha como se tu fosse lixo.

E depois quando os menor entra no crime eles dizem que é porque foi cabeça fraca, que é vagabunda e pá.

Breno: Porque tu não manda aquele cachaceiro de merda ir arrumar um trampo? - falei com raiva.

Lance CriminosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora