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Manuela

Abri a janela de vidro da sala e me sentei na borda dela que era baixa. Fiquei olhando lá pra fora e deixei uma lágrima cair quando eu vi algumas pessoas passando rindo aparentemente felizes.

Eu só queria liberdade, queria minha vida de volta...

Não posso fazer absolutamente nada aqui e a única coisa que eu tenho permissão pra fazer é ficar com a cara enfiada na televisão o dia inteiro.

"Vou tentar ser otimista, toda lágrima é egoísta"

Mas eu tento pensar positivo a todo momento, tento pensar que muitas mulheres já passaram por essa mesma situação e que infelizmente não saíram vivas.

Pelo menos eu tô viva!!

Olhei pro pingente na minha mão e dei um beijinho no símbolo estranho. Nunca entendi esse símbolo, mas é bonito e faz eu me sentir perto do meu pai.

A porta foi aberta e o Breno passou por ela com a cara fechada, como sempre. Ele tava com a camiseta pendurada nos ombros e daqui eu conseguia ver suas costas cheias de arranhões.

Neguei com a cabeça, agora tá explicado o motivo dele ter ficado uma semana sem pisar aqui.

Ele me olhou brevemente mas não dirigiu a palavra a mim, nem pra dizer um bom dia. Só sentou no sofá e ficou mexendo no celular.

Revirei os olhos e encostei a cabeça na janela, aproveitando uma das poucas coisas que eu podia fazer.

Encarei o pingente de novo e aquela curiosidade maldita voltou. Não queria perguntar nada pra ele, mas não tinha outra pessoa pra isso além dele.

Me levantei e fui até ele receosa, tenho muito medo dele e odeio a forma que ele me trata a maioria das vezes, como se eu fosse um pedaço de bosta.

Manuela: Melo? - Parei na frente dele.

Ele desviou os olhos do celular e me encarou sem ânimo. Mordi o lábio nervosa e ele só acenou pra eu falar.

Manuela: O que é isso? - Mostrei o pingente pra ele que piscou algumas vezes.

BM: É o meu? - Neguei com a cabeça - Dá onde tu roubou isso aê? - Fez uma careta.

Manuela: Não roubei de lugar nenhuma, isso era do meu pai. - Rolei os olhos.

BM: Vicente? - Tomou o pingente da minha mão.

Manuela: Vicente não é meu pai. Tô falando do meu pai biológico, que morreu. - Falei já ficando estressada.

Ele olhou pro pingente e leu o que tava escrito.

BM: Todos os frentes da facção tem um pingente desses Manuela. - Disse olhando pro pequeno objeto de ouro - Teu pai era envolvido? - Me olhou.

Manuela: Claro que não, ele era empresário. Tinha uma empresa grande lá em São Paulo.

BM: Qual era o nome dele? - Perguntou interessado até demais.

Lance CriminosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora