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Manuela

Olhei ao redor desse lugar horrível enquanto o BM me encarava sério e com os braços cruzados, esperando sair alguma coisa da minha boca. Fiz careta, e passei a mão no meu braço todo marcado com os dedos dele.

O cheiro de morte que esse lugar tem, me causou um arrepio e uma ânsia de vômito terrível. Tinha várias poças de sangue no chão e algumas aranhas daquelas peludas andando na minha direção.

Manuela: Tira isso de perto de mim, por favor, meu Deus.. - Chorei quando uma delas passou aquelas patas nojentas no meu pé.

BM: Agora tu tá com medo é? - Se abaixou e pegou uma delas na mão - Tu não é brabona? Seja mulher agora e sustenta o bagulho. - Colocou aquela aranha horripilante na minha perna.

Chorei apavorada com aquela tarântula andando na minha perna com aqueles dentes pra fora. Tentei me levantar, mas ele apontou aquela arma enorme pra minha cabeça.

Enquanto isso o BM olhava pro meu desespero com a maior cara de psicopata, como se estivesse gostando daquilo.

Manuela: Mas eu não fiz nada.. - Ela caminhou na direção da minha barriga - Ai que horror... Eu te conto tudo, só tira essa coisa mim. - Me mexi pra ela cair, mas a filha da puta nem se mexeu.

Ele caminhou até mim novamente e tirou ela de mim, largando ela no chão de novo.

BM: Vem na transparência, aproveita que eu tô sendo bonzinho contigo. - Voltou a ficar sério e abaixou na minha frente - Acho que tu não tá nem ligada com o que nós faz com filha de polícia.

Se isso é ser bonzinho, imagina quando ele quer ser ruim, Deus que me livre.

Manuela: Eu não sou filha de polícia, aquele cara é meu padrasto, na verdade, ele é o meu tio. - Tentei controlar minha respiração - É uma história complicada, ele é irmão do meu pai biológico.. - Ele me interrompeu.

BM: Tô ficando bolado contigo já caralho, quero saber da tua vida não, euem. - Me encarou entediado.

Manuela: Enfim, eu não sou x9 como tu disse, eu nunca me juntaria com ele pra fazer algo contra você ou contra a sua comunidade. - Falei sincera.

Dei um grito quando ele disparou um tiro do meu lado, bem próximo do meu pé. Mais alguns centímetros pro lado e ele tinha acertado meu pé em cheio.

BM: Eu não disse pra tu vim na transparência? Coé Manuela, não me obriga a te matar. - Se aproximou e segurou meu rosto com uma certa força - Tu é bonita pra caralho, não quero estragar teu rosto.

Manuela: Mas eu não tô mentindo cara, tudo o que eu disse é verdade, acredita em mim.. - Voltei a chorar desesperada.

BM: Pô garota, enquanto tu tá indo, eu já tô voltando a uma cota. - Largou meu rosto - Tu não vai sair do Vidigal até falar toda a verdade, e eu vou atrás da sua mãe e principalmente da Raissa.

Arregalei os olhos e senti uma dor no peito só de imaginar ele fazendo mal pra minha mãe ou pra Raissa.

Manuela: Não faz isso por favor, a Raissa nem sabe que meu padrasto é policial. - Implorei.

BM: Foda se. - Falou alto - Te dou uma semana pra me contar tudo, caso contrário, tu já tá ligada né? - Passou o cano da arma na minha cabeça.

Manuela: Eu não vou ficar aqui, eu tenho uma casa, faculdade, uma vida caralho.. - Falei irritada, o cara tava fazendo o que quisesse comigo.

BM: Tenta a sorte pô. - Deu risada debochando - Sai lá pra tu ver, mato tu e o campana que te deixou sair.

Limpei minhas lágrimas, porque ele sempre coloca a vida de alguém nas minhas costas? Isso é horrível.

Manuela: Não acredito que tu tá fazendo isso comigo, eu quero ir embora.. - Minha garganta tava com um nó que eu mal conseguia falar.

BM: Continua lá chupando as bolas de polícia, que tu vai longe. - Negou com a cabeça - Me dá seu celular.. - Pediu e eu neguei - Agora. - Gritou.

Peguei meu celular do bolso e entreguei pra ele que só pegou e guardou no bolso.

BM: Vai ficar aí agora, aproveita hein? - Jogou um beijo no ar e saiu batendo a porta.

Ficou tudo escuro e eu gritei na tentativa dele voltar e me tirar desse lugar. Levantei correndo e tentei abrir a porta, mas tava trancada e o cara que tava do lado de fora me mandou calar a boca.

Passei a mão no cabelo e deixei minhas lágrimas quentes caírem livremente pelo meu rosto. Me abaixei e fiquei chorando baixinho, eu só queria sair desse lugar, queria o colo da minha mãe.

E o pior de tudo é que eu vou pagar por uma coisa que eu nem fiz, maldito Vicente que acaba com a minha vida, mesmo que involuntariamente.

Me levantei rapidamente quando ouvi o barulho de um rato do meu lado e acabei pisando numa poça grande de sangue.

Isso só me fez chorar mais, estava num lugar escuro, sozinha, cheio de bichos e provavelmente num ambiente que já morreu dezenas de pessoas.

E eu ia ser a próxima.

Minha vida vai ser um inferno...

Lance CriminosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora