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Manuela

A minha vontade era de pegar o meu tênis cheio de barro e esfregar na cara daquele idiota, só não fiz isso porque o cara tava com um fuzil pendurado e eu não sou louca de correr o risco de tomar um tiro nesse meu rostinho lindo.

Mas mano, que cara gato da porra.

O fuzil atravessado no corpo e a glock na cintura só deixou ele mais gostoso.

Ai ai, acho que eu tô ficando louca mesmo de me sentir atraída por um traficante.

Raissa: Mano, tu cagou nas calças? - gritou de longe. - Porra Manuela, tem banheiro aqui minha
filha. - gargalhou.

Fiz sinal pra ela calar a boca, se alguma criança vê isso, eu vou sofrer bullying pro resto da vida.

Manuela: Deixa de ser palhaça sua otária. - me aproximei dela que tava com a mão na barriga de tanto rir - Para de rir Raissa.

Raissa: Não tem como pô, olha o teu tamanho pra ficar cagando nas calças. - deu um grito - Aí para, eu vou mijar nas calças. - disse toda vermelha e apontando o dedo pra mim enquanto ria.

As crianças nem precisam fazer bullying quando se tem a Raissa como amiga.

Manuela: Eu não caguei nas calças sua idiota. - bati nela com a minha mochila - Eu cai no barro ali, na verdade me empurraram né. - bufei.

Raissa: Ah que saco. - parou de rir - Mas quem foi que te empurrou doida? - se recompôs.

Manuela: E eu lá vou saber, foi um cara super gato e bandido. - me lembrei do bofe - Mas não quero falar disso, vamos no banheiro comigo pra eu trocar essa calça.

Raissa: Vamos, mas depois eu quero saber tudinho.

Ela agarrou minha mão e me levou até o banheiro da escolinha, com todo cuidado do mundo pra nenhuma criança ver e me aloprar.

***

A aulinha acabou e eu amei, apesar das crianças serem umas pestes, era só fazer uma coisinha legal que elas se distraíam rapidamente. Tive que separar algumas brigas e fiquei puta com uma menina toda pá, batendo num menininho todo fofo.

Me lembrou da época que eu vivia apanhando de uma menina que se achava a bucetuda.

Raissa: Gostou amiga? - entrelaçou nossos braços.

Manuela: Adorei, mas depois eu quero conversar com a mãe daquela menina endemoniada. - falei brava.

Raissa: Tu não vai querer falar com a mãe dela não Manu, não mesmo. - deu risada.

Manuela: E porque, hum?

Raissa: A mãe dela é minha amiga, mas a bicha é barraqueira pra carai. Os caras da boca sempre dá condição pra ela, e ela se acha no direito de sair fazer o que quer com as pessoas. - negou com a cabeça - Ela já deixou uma menina cega, só porque esbarrou nela na rua. - revirou os olhos.

Arregalei os olhos, ta repreendido.

Manuela: E agora? O menino vai ficar apanhando de graça? - falei preocupada.

Raissa: O pai dele é o chefe do comando vermelho, tu pode falar com ele, duvido que ele não resolva, mas pode berrar pra Lavínia.

Manuela: Que horror.

Raissa: Agora me fala do bandido que tu trombou mais cedo. - disse toda interessada.

Manuela: Eu estava andando tranquilamente quando aquele imbecil esbarrou em mim e eu voei no barro. E tu acredita que ele nem me ajudou? Saiu debochando de mim e tudo mais. - falei indignada.

Raissa: Aqui é assim mesmo querida, eles podem tudo e aí se você se abrir a boca.

Manuela: Mas ele era um gato amiga, um gostoso de verdade. - mordi o lábio - Alto, magro com músculos sabe? Corrente de prata, havaiana branca e camiseta do flamengo, a cara do pecado. - suspirei.

Raissa: Iih, quer sentar pra traficante é? - me olhou surpresa.

Manuela: Em nenhum momento eu falei que queria sentar nele, só disse que achei ele gato. - rolei os olhos.

Raissa: Acho que tu tá falando do BM, ele é um gostoso mesmo. - riu - Ele é o chefe do tráfico de drogas daqui, o que manda em tudo, então cuidado com ele Manu.

Fiquei surpresa, ele parece ser tão novo pra comandar tudo isso aqui.

Raissa: Cresci com ele e antes dele entrar pra essa vida, ele era um moleque super do bem. Mas agora, é frio e perigoso pra caralho, já vi ele fazendo coisas horríveis.

Senti um arrepio do nada.

Raissa: Acho que ele é deslumbrado com essa vida cheia de poder, saca? Então por favor, pensa muito bem se tu quer dar pra ele mesmo, porque depois que der tua vida vai ser um inferno. - me encarou toda séria.

Manuela: Nossa Raissa, tudo isso e eu só falei que o cara é gostoso. - dei risada - Não vou ficar com ele, não quero essa vida pra mim não, imagina como deve ser ruim ser fiel de traficante? - fiz careta.

Raissa: Pois é, só vai levar porrada e chifre, e se quiser terminar ainda fica careca.

Balancei a cabeça negativamente, isso é horrível.

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