Manuela
Quando eu achava que as coisas não podiam piorar, a vida me deu um tapa na cara e mostrou que pode piorar sim. O Vicente praticamente me acusou de ser x9 em rede nacional, pro Brasil inteiro ver.
E o pior de tudo, é que isso é mentira.
Mas quem vai acreditar na minha palavra né. Se antes a coisa já estava feia pro meu lado, agora com certeza vai piorar. Não vai mais ser só o Breno contra mim, vai ser a porra do comando vermelho inteiro querendo me cobrar. Praticamente o Rio de Janeiro inteiro nas minhas costas.
Maldito Vicente, como o cara pode fazer uma merda dessas comigo? Mas o que eu podia esperar aquele lixo né, absolutamente nada.
Coloquei a mão na boca e olhei pro BM que tava me olhando cheio de raiva. Conseguia ver nos seus olhos que ele sentia ódio por mim, e isso me deixa com medo.
Manuela: Isso é mentira. - Falei com a voz trêmula.
BM: Tu sempre consegue piorar a tua situação né caralho? - Se levantou e agarrou meu braço que já tava machucado.
Manuela: Mas eu não tô mentindo caralho. - Gritei com ele e me arrependi na mesma hora. - Me solta, tá doendo BM. - Chorei.
BM: Fala baixo, tu não tá em condição de gritar comigo não o filha da puta. - Segurou meu rosto e apertou.
Manuela: Já disse pra tu me soltar inferno. - Dei um tapa forte na mão dele, até doeu a palma da minha mão.
Ele deu um sorriso psicopata e eu já sabia que ia dar merda pra mim. Tentei correr, mas o desgraçado foi mais rápido e puxou meu cabelo, me puxando de volta pra perto dele.
BM: Não me obriga a te machucar Manuela, papo reto. - Gritou comigo e eu fechei os olhos - Lá no matagal tem vários iguais a você, tu sabe o que um tiro de calibre doze faz? - Me empurrou no sofá.
Me arrepiei só de pensar, já vi umas fotos na internet e o negócio é feio. Se for na cabeça então, estraga até o velório.
BM: Então o bagulho é acabar com o tráfico de drogas, alá braba pra caralho. - Debochou de mim.
Manuela: Tu é surdo por acaso? Vou ter que soletrar que tudo aquilo é mentira? - Encarei ele com raiva - E não vem se fazer de santo não, vocês de facções criminosas, são tão podres quanto a merda da polícia. - Falei sem dar importância.
Ele ergueu as sobrancelhas e me deu uma encarada de arrepiar todos os cabelos do corpo.
BM: É mermo? Fala mais. - Abaixou na minha frente.
Manuela: Se vocês não querem a polícia atrás de vocês, porque simplesmente não arrumam a porra de um emprego digno? - Olhei para as minhas unhas mal feitas.
O que eu tô falando?
BM: Burguesia é uma raça filha da puta né? - Deu uma risada estranha - É fácil falar, tu sempre teve tudo nas mãos, patricinha de merda. - Começou a me ofender.
Manuela: Vocês pedem tanto a paz, e porque não deixam a UPP pacificar? - Falei - Garanto que eles vão trazer muita segurança pros moradores. - Dei de ombros.
Me assustei quando ele pegou a sua glock e colocou o cano dela na minha testa. Fechei os olhos e respirei fundo, contando até dez pra me acalmar.
Porque eu não seguro a merda minha língua?
BM: Tu tá na disney né caralho? - Bateu com aquela merda na minha cabeça devagar - Tu é inteligente Manuela, pesquisa aí, vê o que a merda da UPP faz nas favelas, te garanto que segurança não tem.
Dei um grito quando ele apertou o gatilho, mas a arma não tinha bala.
Manuela: Tu é louco? - Comecei a chorar, meu coração tava acelerado.
Ele tirou a arma da minha cabeça, apontou pro chão e atirou, mas dessa vez tinha bala. Arregalei os olhos, o cara tava brincando de roleta russa comigo?
BM: Fica esperta aí hein. - Deu dois tapinhas no meu rosto.
Ele pegou o radinho, colocou no quadril e saiu de casa sem dizer mais uma palavra. Quando ele bateu a porta, eu me encolhi no sofá e voltei a chorar, eu só queria ir embora desse lugar e voltar a viver minha vida normalmente.
A minha vida vai ser um inferno com esse cara, ele não tem um pingo de piedade, ele é maldoso e totalmente sangue frio.
Eu não vou sair disso aqui nunca.
E tudo isso por culpa do Vicente...
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Lance Criminoso
RomanceVocê foi um ladrão, roubou meu coração e eu fui a sua vítima mais inocente. O mesmo amor que me faz delirar, é o que instala em mim a dor... "Ela gosta de um ritmo louco, de um lance criminoso"