Nobreza

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Emma Swan

O sol parecia ter se tornado meu novo perseguidor cruel, pensei decidindo ao sentir seus raios maltratarem minha pele às seis da manhã, invadindo as portas da varanda que, levianamente, deixei abertas. Virei o rosto para o lado oposto, tentando fugir do fato de que precisaria acordar em pouco tempo de qualquer modo, mas era impossível ignorar as tarefas do dia. Era apenas o início, mas levantar tão cedo seria uma tradição que iria ter que me acostumar.

Afundei a cabeça no travesseiro, suspirando, totalmente resignada mas ainda reticente com o horário. Se não me enganava, poderia dormir pelo menos por mais meia hora, porém o sono é um entidade de personalidade forte e claramente não estava a meu favor.

Não esperei a coragem me abater, levantando em um pulo para começar o dia de vez. Uma música em árabe soava como trilha sonora da manhã ao passo em que fazia o necessário para despertar durante o banho, tentando exercitar o pouco que eu sabia sobre a língua e que seria extremamente necessário. Na noite anterior extrai tudo que conseguia em duas horas de uma Regina que parecia disposta e feliz ao me contar todas suas descobertas ou apenas explicar algo da sua profissão. A arqueóloga, assim como eu, visivelmente possuía um amor indescritível pelo que fazia, vivendo para cada nova experiência que o dia a dia poderia trazer ou o que seus conhecimentos poderiam oferecer a outros e ao mundo.

Enxuguei meu cabelo com a toalha ao sair do banheiro, encarando a roupa na poltrona que havia separado na noite passada, antes de cair no sono induzido por algumas taças de vinho branco. A blusa de linho azul em decote V fazia conjunto a calça off White capri de cintura alta, criando um visual elegante mas despojado o suficiente para estar no meio do deserto. Ri ao torcer para que nenhuma cobra cruzasse meu caminho, afinal meu sapato era fechado, mas delicado demais para ser resistente a uma mordida afiada.

Em apenas alguns minutos já me encontrava pronta, carregando uma bolsa transversal com minha câmera, suas lentes e o notebook para fazer anotações e edições, caso fosse necessário. Estava fechando a porta do meu quarto quando escutei vozes distintas soando no fundo do corredor a minha direita. Terminei de trancar com a chave apenas para olhar a figura de Archie conversando com um homem alto, de cabelo levemente bagunçado.

Entortei a cabeça para o lado, rodopiando a chave entre os dedos ao me aproximar dos rapazes, já que os mesmos se encontravam no meu caminho até o elevador no final do corredor. Prestei atenção a cada gesto que o desconhecido fazia, parecendo bem educado ao dialogar em um árabe totalmente rápido, mas que era possível detectar a diferença de sotaque.

Ao passar em frente aos dois acenei para Archie, que pareceu surpreso ao me ver acordada tão cedo.

— Emma! — Acenou, se apoiando em sua porta, fazendo com que o outro rapaz se virasse em minha direção, olhando-me com curiosidade. — Não esperava que já estivesse acordada!

— Bom dia — Cumprimentei, ajeitando a bolsa em meu ombro direito. — Já acordei faz um tempo. Estava com receio de perder o horário.

Observei com o canto dos olhos o homem sem nome, percebendo que o mesmo me media ao encarar, curioso.

— Pensei que todo britânico fosse pontual — O desconhecido comentou, finalmente me dando a liberdade de o ver diretamente sem parecer curiosa demais. Sua barba era mediana, quase como se estivesse por fazer, combinando com o cabelo charmosamente bagunçado e repicado, um pouco oposto a roupa mais social que o cobria, em um tom de azul escuro invadindo a paleta de cor preta.

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